São Paulo, quarta-feira, 08 de novembro de 2000 |
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ARTES PLÁSTICAS Artista plástico lança hoje livro pela Cosac & Naify e inaugura exposição na galeria Raquel Arnaud Carvalhosa molda megaobras em gesso
FABIO CYPRIANO DA REPORTAGEM LOCAL Quem entrar hoje na galeria Raquel Arnaud e se deparar com as duas imensas esculturas de três metros de altura que Carlito Carvalhosa apresenta jamais irá imaginar como elas foram parar dentro daquele espaço. Na verdade, as esculturas foram criadas lá mesmo, num processo que envolveu dez pedreiros. Carvalhosa utilizou 12 toneladas de gesso, que tomaram corpo a partir de moldes maleáveis. Uma das esculturas foi serrada ao meio e separada por macacos hidráulicos. O processo todo levou uma semana. Para quem se formou em arquitetura, em 1984, é como retornar a um canteiro de obras. "O risco faz parte da arte, e trabalhar com estruturas tão grandes tem essa característica", diz Carvalhosa. Para essa exposição, além das grandes esculturas, o artista apresenta ainda uma série inédita de sete menores, criadas em porcelana, no EKWC, um centro de artes na Holanda. O gesso é um material relativamente novo no percurso de Carvalhosa. Foi em 98 que ele o utilizou pela primeira vez. "Não é comum o uso do gesso como objeto final na arte, mas ele tem uma presença interessante, quem visitar a exposição vai perceber até a umidade que ele transmite." "É também uma forma de ampliar meu universo, todo novo material apresenta desafios", diz. As esculturas realizam um diálogo interessante, as menores são mais complexas enquanto as maiores parecem explorar mais as possibilidades de megadimensões. "Obras grandes devem ser mais simples, há uma relação entre escala e princípio gerador", explica Carvalhosa."Uma peça pequena e complicada faz sentido." De fato, as esculturas em porcelana, mesmo pequenas, trabalham com a idéia do infinito, simulando cordões, são feitas de maneira a não deixar claro o princípio e o fim da meada. Por outro lado, nas grandes esculturas, são as dimensões que impressionam. Como na exposição realizada no ano passado no MuBE, é fundamental o diálogo com o espaço expositivo. "Grandes obras necessitam ser feitas de acordo com o espaço, o que já não ocorre com as pequenas", diz. Serrar ao meio uma obra também é novidade no trabalho do artista. A escultura está exposta de tal maneira, que é possível atravessá-la."O que mais me interessa é revelar um interior absolutamente diferente do exterior." As esculturas em gesso terão curta duração. Elas permanecerão na exposição até o dia 9 de dezembro e depois serão destruídas. Poderão ser refeitas em outro espaço, mas quem vê-las durante a mostra terá uma cumplicidade que nunca mais poderá ser compartilhada. O mesmo aconteceu no MuBE, em 99. Entretanto, uma delas ganhou perenidade ao transformar-se na capa do livro que Carvalhosa lança hoje à noite. Editado pela Cosac & Naify, a publicação, de 176 páginas, fartas em imagens, retrata a trajetória de suas obras, desde as pinturas de 89, expostas na Bienal de São Paulo, quando o artista ainda integrava o grupo Casa 7, até as esculturas mais recentes. O livro permite acompanhar a evolução do artista de maneira complexa. "As obras se amarram de uma forma que eu nem mesmo imaginava", diz. O livro contém também textos dos críticos Lorenzo Mammi, Alberto Tassinari e Rodrigo Naves. Exposição e livro: Carlito Carvalhosa Onde: gabinete de arte Raquel Arnaud (r. Artur de Azevedo, 401, tel. 0/xx/11/ 3083-6322) Editora: Cosac & Naify Quando: abertura e lançamento do livro hoje, às 20h. Exposição, de seg. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 14h. Até 9/12 Quanto: entrada franca; obras de US$ 2.000 a US$ 18.000; livro: R$ 45 Texto Anterior: Net Cetera - Sergio Dávila: Os Doors querem ganhar dinheirinho Próximo Texto: Trechos Índice |
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