São Paulo, quarta-feira, 08 de novembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NET CETERA
Os Doors querem ganhar dinheirinho

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

A caba de chegar pelo correio o novo CD dos Doors, "The Bright Midnight Sampler". Não, você não entrou no Túnel do Tempo e eu não sou o Doug nem o Tony.
Os sobreviventes da banda (o tecladista Ray Manzarek, o guitarrista Robby Krieger e o baterista John Densmore) fundaram o selo Bright Midnight, pelo qual planejam lançar mais de 30 horas de gravações inéditas.
Começou com este. São 13 faixas de oito shows diferentes, todas gravadas ao vivo. A diferença dessa para as outras 659 mil coletâneas da banda é que o trio, mais do que ninguém, sabia o que prestava e não prestava, pois estava lá, e foi direto na veia. Detalhe: só dá para comprar pela Internet (www.thedoors.com), pois os três e o produtor Bruce Botnick querem ganhar dinheiro e não estão dispostos a dividir com gravadora nenhuma (Já ouviu isso antes? Tem ouvido cada vez mais ultimamente?). Sai por US$ 15,98 mais o correio.
É o primeiro álbum dos Doors que vale a pena ter e não foi lançado enquanto a banda vivia. Claro que, se você acha Jim Morrison (1943-1971) um bufão enganador e sem talento, nem continue a ler a coluna.
Continuou? Ótimo. O CD começa com "Light My Fire", uma paulada de quase 12 minutos gravada em 70 no The Spectrum, na Filadélfia (Pensilvânia). É quase o mesmo arranjo, a não ser a voz de Morrison, que está cristalina, e dá para ouvir direitinho o dedilhado de Krieger, que cita incidentalmente "My Favorite Things" no solo final. "Vale-o-disco-1".
Mais para a frente, tem "Touch Me", julho de 69, no Aquarius Theatre, em Hollywood, 3min33s. Guitarra e teclado funcionam como bordado para a voz de Morrison, aqui meio baleada. Emenda com "The Crystal Ship", voz mais anasalada do que acostumamos.
Aí, o segundo momento mágico: "Break on Through (To The Other Side)", gravada no Madison Square Garden, em Nova York, janeiro de 70, 4min24s. A levada da guitarra podia estar em qualquer banda grunge 20 anos depois (na verdade, não é que está mesmo?). "Vale-o-disco-2".
Tem até a curiosidade antropológica: "Bellowing", abril de 70 no Boston Arena, 5min22s, com o rei-lagarto à beira do coma lá na frente, e a banda suando para manter a equipe unida.
As duas últimas são as "vale-o-disco-3" e "4". Primeiro, um medley nervoso de 8min51s de "Love me Two Times", "Baby Please Don't Go" e "St. James Infirmary". Foi feita com um gravador do palco, ora pegando a guitarra em primeiro plano, ora a bateria, mas sempre com a voz de Morrison (mais jazzy do que nunca) onipresente.
Por fim, "The End", 16min16s, gravação de maio de 70 no Cobo Arena, em Michigan (Detroit). Começa com aquela guitarrinha que também estava em "California Dreamin", dos Mamas and The Papas (ambas as músicas são do mesmo ano, 66). Termina com gritos.
Vale pelos 25 CDs de gravações ao vivo do Pearl Jam.


Avaliação:     
E-mail: sergiodavila@uol.com.br

MAIS TRÊS COISAS

1. Will & Grace
Seguindo uma tendência natural, o próximo álbum da cantatriz Cher sai só na rede. É "not.com.mercial", que põe uma música por semana disponibilizada, até completar o CD todo, o que deve acontecer no final do mês. Já tem disponíveis "Runnin'", "Fit to Fly" e "Sisters of Mercy" (nada a ver com a falecida banda gótica dos anos 80), todas músicas escritas e compostas pela performer com uma costela a menos. O estilo? Cher puro. Ou você gosta da cantora (como Jack, do seriado, aquele) ou vai odiar.

2. Alberto Roberto
Quer participar de "American Pie 2", a continuação do filme que erotizou a até então inocente torta de maçã? Hoje é o último dia para se inscrever em www.hypnotic.com/hypnotic.asp?content=americanpie2.asp, que está selecionando dois extras para participar do próximo filme.

3. O site da semana
www.matrixmovie.com/cmp/artofthepreviewe-index.html É uma prévia (60 páginas) do livro "The Art of Matrix", que só será lançado dia 10 de dezembro. Traz o story-board do filme que mudou a ficção científica no cinema, e mais. Só vendo.


Texto Anterior: Música: Cyro Baptista faz duo com canadense
Próximo Texto: Artes Plásticas: Carvalhosa molda megaobras em gesso
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.