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NET CETERA
Os Doors querem ganhar dinheirinho
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
A caba de chegar pelo correio o novo CD dos Doors,
"The Bright Midnight Sampler". Não, você não entrou no
Túnel do Tempo e eu não sou o
Doug nem o Tony.
Os sobreviventes da banda (o
tecladista Ray Manzarek, o guitarrista Robby Krieger e o baterista John Densmore) fundaram o selo Bright Midnight, pelo qual planejam lançar mais de
30 horas de gravações inéditas.
Começou com este. São 13 faixas de oito shows diferentes, todas gravadas ao vivo. A diferença dessa para as outras 659 mil
coletâneas da banda é que o trio,
mais do que ninguém, sabia o
que prestava e não prestava,
pois estava lá, e foi direto na
veia. Detalhe: só dá para comprar pela Internet
(www.thedoors.com), pois os
três e o produtor Bruce Botnick
querem ganhar dinheiro e não
estão dispostos a dividir com
gravadora nenhuma (Já ouviu
isso antes? Tem ouvido cada vez
mais ultimamente?). Sai por
US$ 15,98 mais o correio.
É o primeiro álbum dos Doors
que vale a pena ter e não foi lançado enquanto a banda vivia.
Claro que, se você acha Jim
Morrison (1943-1971) um bufão
enganador e sem talento, nem
continue a ler a coluna.
Continuou? Ótimo. O CD começa com "Light My Fire", uma
paulada de quase 12 minutos
gravada em 70 no The Spectrum, na Filadélfia (Pensilvânia). É quase o mesmo arranjo,
a não ser a voz de Morrison, que
está cristalina, e dá para ouvir
direitinho o dedilhado de Krieger, que cita incidentalmente
"My Favorite Things" no solo final. "Vale-o-disco-1".
Mais para a frente, tem
"Touch Me", julho de 69, no
Aquarius Theatre, em Hollywood, 3min33s. Guitarra e teclado funcionam como bordado para a voz de Morrison, aqui
meio baleada. Emenda com
"The Crystal Ship", voz mais
anasalada do que acostumamos.
Aí, o segundo momento mágico: "Break on Through (To
The Other Side)", gravada no
Madison Square Garden, em
Nova York, janeiro de 70,
4min24s. A levada da guitarra
podia estar em qualquer banda
grunge 20 anos depois (na verdade, não é que está mesmo?).
"Vale-o-disco-2".
Tem até a curiosidade antropológica: "Bellowing", abril de
70 no Boston Arena, 5min22s,
com o rei-lagarto à beira do coma lá na frente, e a banda suando para manter a equipe unida.
As duas últimas são as "vale-o-disco-3" e "4". Primeiro, um
medley nervoso de 8min51s de
"Love me Two Times", "Baby
Please Don't Go" e "St. James
Infirmary". Foi feita com um
gravador do palco, ora pegando
a guitarra em primeiro plano,
ora a bateria, mas sempre com a
voz de Morrison (mais jazzy do
que nunca) onipresente.
Por fim, "The End", 16min16s,
gravação de maio de 70 no Cobo
Arena, em Michigan (Detroit).
Começa com aquela guitarrinha que também estava em
"California Dreamin", dos Mamas and The Papas (ambas as
músicas são do mesmo ano, 66).
Termina com gritos.
Vale pelos 25 CDs de gravações ao vivo do Pearl Jam.
Avaliação:
E-mail: sergiodavila@uol.com.br
MAIS TRÊS COISAS
1. Will & Grace
Seguindo uma tendência natural, o próximo
álbum da cantatriz Cher sai só na rede. É "not.com.mercial", que
põe uma música por semana disponibilizada, até completar o
CD todo, o que deve acontecer no final do mês. Já tem
disponíveis "Runnin'", "Fit to Fly" e "Sisters of Mercy" (nada a
ver com a falecida banda gótica dos anos 80), todas músicas
escritas e compostas pela performer com uma costela a menos.
O estilo? Cher puro. Ou você gosta da cantora (como Jack, do
seriado, aquele) ou vai odiar.
2. Alberto Roberto
Quer participar de "American Pie 2", a
continuação do filme que erotizou a até então inocente torta de
maçã? Hoje é o último dia para se inscrever em
www.hypnotic.com/hypnotic.asp?content=americanpie2.asp,
que está selecionando dois extras para participar do próximo
filme.
3. O site da semana
www.matrixmovie.com/cmp/artofthepreviewe-index.html
É uma prévia (60 páginas) do livro "The Art of Matrix", que só
será lançado dia 10 de dezembro. Traz o story-board do filme
que mudou a ficção científica no cinema, e mais. Só vendo.
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