São Paulo, sexta-feira, 08 de dezembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SHOW

Instrumentista se apresenta somente hoje, no Sesc Belenzinho, com a banda Gafi Nuvô, que mistura música e humor

Paulo Moura enche a pista com gafieira

CARLOS BOZZO JUNIOR
ESPECIAL PARA A FOLHA

Hoje é dia de gastar sola de sapato, balançar o esqueleto e apurar os ouvidos na gafieira, que acontece no espaço dançante do Sesc Belenzinho, com a presença do músico Paulo Moura e da banda Gafi Nuvô.
Paulista de São José do Rio Preto, Moura, 68, saxofonista, clarinetista, compositor e arranjador, iniciou-se profissionalmente na música tocando em gafieiras dos subúrbios do Rio de Janeiro.
Em entrevista à Folha, o músico comentou como era essa manifestação popular nos anos 40: "A gafieira era frequentada por operários, empregadas domésticas, malandros e, é claro, por pessoas decentes, que gostavam de dançar, não só a música norte-americana, mas também o samba, representado muitas vezes por figuras como o Cartola (1908-1980) e o Nelson Cavaquinho (1910-1986)".
Segundo Moura, os bailes de domingo traziam em seus anúncios as palavras "Manhã, Tarde e Noite", pois aconteciam das 10h às 13h; depois, das 17h às 20h; e o último, das 21h às 2h.
O repertório passava por Benny Goodman (1909-1986) e cópias de arranjos de músicas que eram executadas anteriormente nos cassinos, como no Cassino da Urca, onde Moura trabalhou.
No show de hoje, o vencedor do Grammy Latino 2000, com o álbum "Paulo Moura e os Oito Batutas", pretende relembrar o que fazia em São José do Rio Preto com o pai (mestre de banda), quando tinha apenas onze anos, tocando nos bailes de uma comunidade negra.
"Tarde de Chuva" e "Guadalupe", de sua autoria, em meio a músicas de Cartola, Nelson Cavaquinho e Tom Jobim (1927-1994), garantem "encher a pista", como se dizia.
Acompanhando o instrumentista, estará a banda Gafi Nuvô, que mistura música com humor.
Idealizado há oito meses pela cantora, atriz e designer paulistana Carla Adduci, 37, para revisitar músicas dos anos 20, 30 e 40, o grupo é formado por Odilon de Carvalho, no baixo; Paulo Bento, nos sopros; Celso Nascimento, na percussão; Sérgio Bello, no violão; e Sílvio Franco, na bateria.
Adduci interpreta uma personagem que passa a vassoura pelo salão, para que ninguém fique parado, cantando músicas de Ataulfo Alves (1909-1969), Pixinguinha (1897-1973), Chiquinha Gonzaga (1847-1935), entre outras.
Segundo a cantora, a palavra gafieira surgiu por conta das gafes.
"Era muito chique usar palavras francesas, como hoje se faz com o inglês. O samba, que já era difícil de dançar, quando foi para o salão, para ser dançado juntinho, ficou mais difícil ainda. Então, eram cometidas muitas gafes. Os rapazes pisavam nos pés das moças e cantavam em voz alta nas orelhas delas", explica Adduci, que tira pessoas do público para dançar e demonstrar o que ocorria na época.


Show: Paulo Moura e Gafi Nuvô
Onde: Sesc Belenzinho (av. Álvaro Ramos, 991, Belenzinho, tel. 0/xx/11/ 6096-8143)
Quando: hoje, às 22h30
Quanto: R$ 10




Texto Anterior: Artes plásticas: Raquel Kogan abre individual
Próximo Texto: Jazz Sinfônica faz reunião de bambas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.