São Paulo, sexta-feira, 08 de dezembro de 2000

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SHOW

Jazz Sinfônica faz reunião de bambas

Cláudio Roditi, Dori Caymmi e Roberto Sion fazem apresentação conjunta hoje e amanhã, no Memorial, em SP

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Três craques da música instrumental brasileira encontram-se hoje pela primeira vez num palco. O trompetista Cláudio Roditi, o violonista Dori Caymmi e o saxofonista Roberto Sion são os convidados esta noite da Orquestra Jazz Sinfônica, em concerto gratuito no Memorial da América Latina que se repete amanhã.
"Somos instrumentistas e tivemos uma influência grande do jazz", diz Dori, identificando suas afinidades com os parceiros. "Gostamos de música de verdade, dos acordes bonitos", afirma.
Radicado nos EUA desde 1989, Dori vem construindo uma carreira internacional de sucesso, como compositor, arranjador e cantor. Neste ano, voltou a ser indicado para o Grammy, na categoria de melhor arranjo.
Primos em segundo grau, Roditi e Sion têm longa história comum. "Começamos a tocar juntos aos 13 anos", diz Sion, lembrando que, nos anos 60, acompanhavam as "jams" do Beco das Garrafas, no Rio. Já nos 70, formaram a primeira turma de brasileiros na Berklee School, em Boston.
Roditi decidiu viver nos EUA, onde conquistou um status especial, tocando ao lado de jazzistas notáveis, como Dizzy Gillespie, Kenny Barron e Paquito D'Rivera. Venceu como trompetista, numa área em que geralmente brasileiros só obtêm sucesso com percussão.
Sion preferiu ficar no Brasil, colocando seu talento a serviço do jazz e da música brasileira, em discos e shows, também como maestro, arranjador e compositor. Desde 1998 coordena os cursos de música popular da Universidade Livre de Música.
Tocar com a Jazz Sinfônica é um privilégio, concordam os três. "Acho espetacular essa idéia de uma big band com cordas e seção de palhetas. Só existe uma orquestra assim na Holanda", elogia Roditi. "Precisamos manter viva a chama das orquestras, especialmente essa que tem Tom Jobim como padrinho", apóia Dori.
Antes do inédito encontro, os três mostram seus dotes de solistas. Dori exibe duas composições próprias: "Rio Amazonas" e "Três Curumins". Sion também homenageia a música brasileira, interpretando "Carinhoso" (de Pixinguinha) e "Batida Diferente" (de Maurício Einhorn).
A participação de Roditi será mais jazzística. Harmonizado por Sion, seu solo em "Gemini Man" terá a companhia dos trompetes da orquestra. Depois os dois improvisam "Killer Joe" (de Benny Golson) e "Summertime" (Gershwin).
Uma versão "bem dolente" de "Aquarela do Brasil" (Ary Barroso), descreve Sion, serve de pretexto para reunir os três solistas, que também vão tocar juntos "Frevo", de Dori. Um encontro de craques que talvez jamais vá acontecer de novo.


Concerto: Jazz Sinfônica Convida
Regentes: Cyro Pereira e João Galindo
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Memorial da América Latina (av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda, tel. 0/xx/11/3823-9611)
Quanto: entrada franca








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