São Paulo, sexta-feira, 08 de dezembro de 2000

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ATO PÚBLICO

Grupo compareceu anteontem à entrega de projeto de lei elaborado pelo Movimento Arte contra a Barbárie

Câmara de São Paulo recebe 300 artistas

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O placar eletrônico do plenário anuncia a 476ª sessão ordinária. Mas os vereadores não estão lá. Suas poltronas são ocupadas por atores, que entoam músicas como "Ô, Abre Alas", sucesso de Chiquinha Gonzaga (1847-1935).
A Câmara Municipal de São Paulo viveu anteontem uma sessão atípica. Cerca de 300 artistas, segundo a Polícia Militar -400, de acordo com os organizadores- ocuparam o plenário durante o "pequeno expediente", cerca de 45 minutos, no qual foi protocolado o Projeto de Lei de Fomento ao Teatro na Cidade de São Paulo, elaborado pelo Movimento Arte contra a Barbárie.
O documento foi protocolado na mesma cerimônia que encaminhou propostas de criação da empresa São Paulo Filmes e do Projeto para Democratização do Ensino -os três têm como signatário o vereador Vicente Cândido (PT), que tentará colocá-los em votação no próximo ano.
"Nunca vi a cultura tomar conta da Câmara", afirma o vereador José Eduardo Martins Cardozo (PT), que presidiu a sessão. Ele se disse empolgado com a manifestação. "Quem sabe a partir do ano que vem a cultura realmente venha para ficar."
Alguns artistas fizeram breves discursos. "É difícil não ficar mobilizado depois de tanto tempo anestesiado. O ato lembra os tempos de luta da classe teatral", afirma o ator Sérgio Mamberti.
"Como no período da ditadura, continuamos a conviver com as figuras do censor e do torturador, agora representados pelo mercado", diz o diretor César Vieira, do grupo União e Olho Vivo.
"Não estamos aqui para pedir dinheiro para a produção teatral de São Paulo, mas para reiniciar o diálogo histórico da classe artística com o povo", afirma o dramaturgo Aimar Labaki.
Antes de iniciar a sessão, o diretor Antônio Araújo, 34, do grupo Teatro da Vertigem, se dizia emocionado em presenciar um ato público, fruto de mobilização coletiva que sua geração teatral não havia protagonizado até aqui.
"É um momento histórico. Todas as pessoas importantes do teatro paulista que eu conheço estão aqui", afirma a diretora Georgete Fadel, 26.
Estavam lá os diretores José Celso Martinez Corrêa, Eduardo Tolentino, Márcio Aurélio, Marcelo Fonseca, Marco Antônio Rodrigues, Cibele Forjaz, Marco Antônio Braz, Celso Frateschi, Roberto Lage, além dos atores Pascoal da Conceição, Ester Góes, Magali Biff, Débora Duboc, Leona Cavalli, entre outros.
"O bom das manifestações como esta é que são animadas e têm liderança", afirma um dos soldados da Polícia Militar que respondem pela segurança local.



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