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Crítica/"O Dia em que a Terra Parou"
Ficção científica não consegue mais impressionar público
Refilmagem de clássico dos anos 50 de Robert Wise, com Keanu Reeves e Jennifer Connelly, não vai além das boas intenções
ALESSANDRO GIANNINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Entre a refilmagem de "O
Dia em que a Terra Parou", que estreia hoje
em circuito nacional, e o original de 1951, que está disponível
para locação e venda, há algumas diferenças que ajudam a
explicar por que nenhum dos
dois filmes consegue emocionar mais ou causar impressão.
Elas vão muito além da simples
troca de atores, dos diferentes
desenhos de alguns personagens ou da forma das naves que
trazem Klaatu, o alienígena interpretado primeiro por Michael Rennie e agora por Keanu
Reeves, para a Terra.
Na década de 50, quando Robert Wise foi convidado pela
Fox para dirigir a adaptação de
um obscuro conto de ficção
científica, os Estados Unidos
estavam no auge da Guerra
Fria. A disputa pela hegemonia
mundial com a União Soviética,
que se estendeu do fim da Segunda Guerra Mundial até a
queda do Muro de Berlim, havia atingido o cume. A ideia do
"inimigo invisível", que poderia
ser qualquer pessoa, criara a
sensação generalizada de insegurança e produzira uma paranoia em larga escala.
Scott Derrickson, que assina
a refilmagem com Reeves e
Jennifer Connelly nos papéis
principais, vive em um país em
"guerra contra o terrorismo".
Dois conflitos consecutivos em
diferentes regiões do Oriente
Médio criaram as mesmas sensações de insegurança e medo
em escala mundial, além de
reacender velhos preconceitos
contra populações e etnias inteiras. Há, ainda, a questão do
meio ambiente e do esgotamento do planeta -o aquecimento global negado por Bush.
É bem verdade que o Klaatu
de Rennie e o robô Gort que o
acompanhava parecem hoje
pouco ameaçadores. E o governo americano, representado
pelo personagem de Marshall
Bradford, apesar de conservador, preservava o diálogo. O
alienígena de Reeves e seu
acompanhante parecem e são,
como se verá ao longo do novo
filme, muito mais impressionantes. Tanto quanto o governo que os detém para averiguações e testes, espelhado pela
Secretária de Defesa irredutível de Kathy Bates.
Se tanto Wise quanto Derrickson destinaram todos os recursos disponíveis para os melhores efeitos visuais, nenhum
dos dois teve o cuidado de evitar o pecado do didatismo e das
boas intenções. E destas, como
se sabe, o mundo atual está
cheio -e certamente não quer
mais saber delas.
O DIA EM QUE A TERRA PAROU
Produção: EUA, 2008
Direção: Scott Derrickson
Com: Keanu Reeves, Jennifer Connelly
e Kathy Bates
Quando: estreia hoje nos cines Pátio Higienópolis 6, Frei Caneca Unibanco Arteplex 3 e circuito
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 10 anos
Avaliação: regular
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