São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2009

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Última Moda

Alcino Leite Neto - ultima.moda@grupofolha.com.br

Fashion Rio dribla a crise

Semana de moda, que começa domingo, vai medir o ânimo dos compradores para 2009, com a feira Fashion Business

Moda e comércio andam juntos. Por isso, o Fashion Rio engloba, desde a sua terceira edição (em 2003), uma feira de negócios, o Fashion Business.
Na temporada outono-inverno do evento carioca -que começa neste domingo e vai até o dia 16-, boa parte da atenção dos empresários da moda deverá estar voltada para esta feira. Ela vai indicar em primeira mão o clima de negócios fashion no país, nesta época de crise financeira global.
Além disso, o Fashion Business abre as portas reformulado, com um espaço expositivo maior, de 15 mil m2 (o tamanho anterior era 10 mil m2), com um número maior de marcas participantes (200, contra 150 em junho de 2008) e algumas novidades, como uma exibição de grifes francesas.

Caminho obrigatório
Na replanificação arquitetônica do Fashion Rio, feita nesta edição, o Fashion Business também passa a ser a entrada oficial de todo o espaço na Marina da Glória e o caminho obrigatório para aqueles que forem assistir aos desfiles.
"Senti a necessidade de mudar a arquitetura, de modo que o público compreendesse que tudo faz parte da mesma família, os negócios e a passarela", diz a empresária Eloysa Simão, criadora e diretora do evento.
Para ela, o Fashion Business é o "grande diferencial" do Fashion Rio. A São Paulo Fashion Week não dispõe de uma feira similar, embora vários showrooms sejam realizados pelas grifes na cidade, na época dos desfiles no Ibirapuera.
Na última temporada, o Fashion Business recebeu cerca de 11 mil visitantes, inclusive estrangeiros. O volume de negócios chegou a R$ 443 milhões. As exportações alcançaram R$ 16,2 milhões, segundo números do CIN (Centro Internacional de Negócios) e da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), que é correalizador da feira de negócios.
"O Fashion Business surgiu da necessidade de ter, junto aos desfiles, um evento que não fosse apenas de imagem de moda, mas organizasse o mercado e lhe desse um direcionamento", afirma Cristiane Alves, gerente do Senai-Moda do Sistema Firjan e responsável pela organização da feira. "Também atendemos à demanda dos compradores, que queriam os showrooms perto dos desfiles."

França-Brasil
Nesta temporada, além dos showrooms das grifes, o Fashion Business terá o Espaço Internacional, dirigido especificamente aos compradores estrangeiros e com marcas já bem estabelecidas no Brasil que atualmente estão interessadas em ampliar a exportação.
Também terá um espaço institucional dedicado à feira Prêt-à-Porter Paris, com exibição de criações de grifes francesas. A iniciativa é parte de um acordo firmado entre a Firjan e a Féderation Française du Prêt-à-Porter, que já levou, no último ano, marcas brasileiras para exporem na Europa.
As expectativas de negócios no Fashion Business nestes tempos de crise "não são pessimistas, nem otimistas", na opinião de Simão. "Acho que vamos manter os mesmos números, sem crescimento. Os setores que tiveram maiores quedas foram os que estavam mais aquecidos, como o automobilístico. Não é o caso da moda, que não estava superaquecida."
Segundo Alves, "algo pode ocorrer em 2009, mas por enquanto, surpreendentemente, os indicadores são bons", conforme apontaram pesquisas feitas pela Firjan com vários setores da moda.

Design democrático
Simão acredita que o importante para as grifes, agora, é "ter uma visão clara do sistema produtivo, manter um olhar muito afinado com o mercado, com o desejo do consumidor, e apresentar um preço competitivo".
Ela não acredita que haja contradição entre moda e bons preços. "A democratização do design é a grande luta. Se um estilista acha que não consegue fazer moda com preços competitivos, é melhor ele se dedicar à alta-costura", sentencia.
A ideia de democratização também perpassa o tema da 14ª temporada do evento: "Rio Caleidoscópio Cultural Brasileiro". "O Rio não é uma cidade que tem bairros de japoneses ou de italianos. Aqui todos se misturam... E a síntese desse espírito democrático carioca é a Lapa", diz Simão.
O bairro boêmio e seus famosos arcos serviram de inspiração à coreografia do evento, criada pelo cineasta Ricardo Naunberg. Fotos de Zee Nunes que retratam personagens característicos da Lapa também serão expostas no Fashion Rio.

Com Vivian Whiteman


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