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Redley busca Brasil sustentável
O Fashion Rio terá 33 desfiles e as estreias de três grifes:
Francisca (de Pernambuco),
Ausländer (do Rio) e Printing
(de Minas Gerais).
Mas as grandes apostas do
evento continuam sendo as
marcas veteranas, especialmente a Redley, que tem sido,
ao lado da Cantão, um dos destaques da temporada carioca.
A escalada criativa da Redley
-criada em 1985- se deu, sobretudo, após a contratação do
alemão Jurgen Oeltjenbruns,
estilista da grife desde 2007.
Simpático e um pouco tímido, Jurgen, 40, mora atualmente no bairro do Leblon, no Rio, e
tem planos de se mudar para
Copacabana.
"Durante um ano, fiz todos
os programas de turista, e só
agora começo a entender o que
é viver no Rio como um morador de verdade. É uma cidade
de convivência, tanto no sentido econômico quanto humano.
Isso é muito enriquecedor",
conta, em inglês, o estilista, que
ainda estuda o português.
Por outro lado, Jurgen identificou um certo complexo de
inferioridade em parte dos brasileiros, que inclui o desprezo
pela moda popular.
"Vejo muitos criadores submissos ao que vem dos EUA e
da Europa. Observo profissionais que ignoram a riqueza de
seu próprio país e que discutem
obsessivamente o tal "estilo do
Brasil" sem de fato olharem para a criatividade das pessoas
nas ruas, talvez com medo de
parecerem cafonas diante de
olhares estrangeiros", dispara.
Para fazer a coleção de inverno da Redley, inspirada em comunidades hippies, nos uniformes e no artesanato brasileiro,
Jurgen viajou parte do país em
busca de matérias-primas de
origem comprovadamente sustentável. Recentemente, visitou cidades do interior de São
Paulo e também de Minas.
Em Belo Horizonte, firmou
parceria com fábricas de tricô
artesanal. No interior paulista,
o designer descobriu agricultores que produzem uma espécie
de algodão orgânico que já nasce colorido e não precisa ser
tingido posteriormente.
"A expressão "moda sustentável" virou um jargão vazio,
mas nós levamos a sustentabilidade a sério. Há marcas que
usam tecido orgânico, mas esquecem de mencionar todo o
resíduo tóxico deixado pelo tingimento, por exemplo", diz.
A coleção tem muita lã rústica, malha de bambu e gaze de
algodão, com práticos vestidos
de mangas longas para as garotas. Do lado masculino, destacam-se as peças em alfaiataria
-especialidade do designer
alemão, que já trabalhou nas linhas masculinas de Versace e
Donna Karan. O rigor do corte
e o primor no acabamento das
peças são exemplares.
Em suas andanças, o episódio mais curioso ocorreu quando Jurgen desembarcou em
Blumenau (SC). "Entrei num
restaurante, e os funcionários
usavam trajes tradicionais tiroleses. A decoração, a comida
alemã, foi como se eu tivesse
voltado à infância, à casa de minha avó, só que no Brasil. Foi
um jantar surreal", conta.
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