São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Redley busca Brasil sustentável

O Fashion Rio terá 33 desfiles e as estreias de três grifes: Francisca (de Pernambuco), Ausländer (do Rio) e Printing (de Minas Gerais).
Mas as grandes apostas do evento continuam sendo as marcas veteranas, especialmente a Redley, que tem sido, ao lado da Cantão, um dos destaques da temporada carioca.
A escalada criativa da Redley -criada em 1985- se deu, sobretudo, após a contratação do alemão Jurgen Oeltjenbruns, estilista da grife desde 2007.
Simpático e um pouco tímido, Jurgen, 40, mora atualmente no bairro do Leblon, no Rio, e tem planos de se mudar para Copacabana.
"Durante um ano, fiz todos os programas de turista, e só agora começo a entender o que é viver no Rio como um morador de verdade. É uma cidade de convivência, tanto no sentido econômico quanto humano. Isso é muito enriquecedor", conta, em inglês, o estilista, que ainda estuda o português.
Por outro lado, Jurgen identificou um certo complexo de inferioridade em parte dos brasileiros, que inclui o desprezo pela moda popular.
"Vejo muitos criadores submissos ao que vem dos EUA e da Europa. Observo profissionais que ignoram a riqueza de seu próprio país e que discutem obsessivamente o tal "estilo do Brasil" sem de fato olharem para a criatividade das pessoas nas ruas, talvez com medo de parecerem cafonas diante de olhares estrangeiros", dispara.
Para fazer a coleção de inverno da Redley, inspirada em comunidades hippies, nos uniformes e no artesanato brasileiro, Jurgen viajou parte do país em busca de matérias-primas de origem comprovadamente sustentável. Recentemente, visitou cidades do interior de São Paulo e também de Minas.
Em Belo Horizonte, firmou parceria com fábricas de tricô artesanal. No interior paulista, o designer descobriu agricultores que produzem uma espécie de algodão orgânico que já nasce colorido e não precisa ser tingido posteriormente.
"A expressão "moda sustentável" virou um jargão vazio, mas nós levamos a sustentabilidade a sério. Há marcas que usam tecido orgânico, mas esquecem de mencionar todo o resíduo tóxico deixado pelo tingimento, por exemplo", diz.
A coleção tem muita lã rústica, malha de bambu e gaze de algodão, com práticos vestidos de mangas longas para as garotas. Do lado masculino, destacam-se as peças em alfaiataria -especialidade do designer alemão, que já trabalhou nas linhas masculinas de Versace e Donna Karan. O rigor do corte e o primor no acabamento das peças são exemplares.
Em suas andanças, o episódio mais curioso ocorreu quando Jurgen desembarcou em Blumenau (SC). "Entrei num restaurante, e os funcionários usavam trajes tradicionais tiroleses. A decoração, a comida alemã, foi como se eu tivesse voltado à infância, à casa de minha avó, só que no Brasil. Foi um jantar surreal", conta.


Texto Anterior: Última Moda: Fashion Rio dribla a crise
Próximo Texto: Televisão: Programas sobre animais de estimação proliferam na TV paga
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.