São Paulo, sexta, 9 de janeiro de 1998.




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Sylvester Stallone aposta na trajetória de um perdedor

da Reportagem Local

Para poder interpretar um honesto delegado em "Copland", Sylvester Stallone diz ter engordado 20 quilos para dar "legitimidade" ao papel.
Se essa é uma boa invenção de marketing para justificar a decadência física do ator -ou um tipo de esforço dramático para vencer sua desprezada imagem junto à crítica-, não se saberá ao certo.
O fato é que seus fãs, e mesmo o público que aprendeu a desprezá-lo pela ausência de qualquer talento aparente, encontrará agora um outro Stallone. Em nada melhor ou pior do que sua imagem mais conhecida (sua forma de interpretação é, no mínimo, limitada), mas em tudo diferente.
Há ainda a ação, os tiros, as perseguições e o sangue. Mas, dessa vez, os elementos servem a um propósito, não estão vagando em um imenso vazio cinematográfico.
Estamos, talvez, diante do mais honesto "produto Stallone", o que não o afasta de falhas nem o transforma em uma obra ideal. O filme continua sendo um veículo para seu astro e carrega todas as falhas desse comprometimento: Stallone, em "Copland", faz uma troca simples de objeto e objetivo. No lugar do herói de ação, interpreta um perdedor.
Se isso nos soa, por vezes, um exagero tão pouco possível quanto o vingador que salta no fogo para salvar a humanidade ou as cores dos EUA, é inegável que, se o personagem carece de bravura, o ator não. Stallone faz uma aposta com sua carreira, e, ao menos em um primeiro momento, parece ter vencido. (MARCELO REZENDE)


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