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QUADRINHOS
Primeira história do personagem de Hergé, de 32, é relançada pela editora francesa Casterman esta semana
Tintin faz 70 anos amanhã e continua cult
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
O presidente francês Charles De
Gaulle se queixava que Tintin era
seu único rival em língua francesa
em popularidade internacional.
Andy Warhol e Roy Lichtenstein
reconheceram a influência que os
desenhos de traço arredondado e
profusos em cor do personagem de
Hergé tiveram sobre eles.
Amanhã, contudo, quando se comemora o 70º aniversário da primeira edição das aventuras do jovem repórter belga, não haverá
grandes celebrações.
Tintin é um sucesso. Mas no melhor estilo "cult".
Vendem-se 3 milhões de livros
do herói por ano em edições em 58
línguas.
Não é pouco. Mas nada que se
compare com Walt Disney ou
Charles Schulz, o criador de Charlie Brown e do cachorro Snoopy,
por exemplo.
²
Gosto pouco massificado
O gosto por Tintin não é do tipo
massificado. Só uns poucos eleitos
gostam dele. É difícil estabelecer
com precisão por quê.
Dezenas de teses já foram escritas para decifrar as razões do seu
culto.
Talvez seja a curiosidade geográfica, que levou Tintin, seu cãozinho Milu, os amigos Capitão Haddock, Professor Girassol e outros
para todos os confins do mundo e
até para a Lua.
Ou pode ser o caráter ingênuo
das tramas muitas vezes mal amarradas, mas, ao mesmo tempo,
cheias de citações históricas.
Uma outra possibilidade é a extrema simpatia de todos os personagens, cheios de defeitos humanos e sem nenhuma ambição ao
super-heroísmo enfadonho daqueles que nunca erram nem pecam.
O fato é que Tintin sobrevive há
sete décadas como um dos mais
amados personagens da história
das histórias em quadrinhos.
²
O criador
Georges Remi, o desenhista e cenógrafo belga que criou "As Aventuras de Tintin", certamente se
surpreendeu com o sucesso.
Sob o pseudônimo de Hergé, Remi trabalhava para para um diário
católico em Bruxelas, "Le XXe. Siècle", quando, em 1928, o diretor do
jornal resolveu criar um suplemento infantil, "Le Pétit Vintième", e o encarregou de editá-lo.
Hergé vinha há algum tempo desenhando uma tira para um jornal
dos escoteiros belgas.
O personagem se chamava Totor
e, claro, era escoteiro, como o próprio Remi.
Totor foi para as páginas do suplemento católico, mas, aos poucos, Hergé o foi modificando, até
chegar à fórmula de Tintin, que,
em vez de escoteiro, era repórter.
²
Estréia
Em 10 de janeiro de 1929, Tintin
estreou. Sua primeira missão foi
uma série de reportagens na União
Soviética.
Jornalista do tipo investigativo,
Tintin descobriu que o governo soviético fraudava camponeses e iludia estrangeiros.
"Aventuras de Tintin na Terra
dos Soviéticos" está há muito tempo fora de circulação.
Mas a editora francesa Casterman, que desde 1932 edita o trabalho de Hergé na forma de livro,
lança uma nova edição da estréia
de Tintin esta semana, com tiragem de 500 mil cópias, só em francês.
Depois da União Soviética, Tintin foi para o Congo, EUA, Peru,
China, Tibete. Cada viagem era um
sucesso maior que a anterior.
²
Dificuldades políticas
Hergé, que morreu de anemia em
1983 e nunca teve filhos, enfrentou
dificuldades políticas.
Durante a Segunda Guerra Mundial, não deixou de desenhar para
o jornal "Le Soir", de Bruxelas, que
colaborou com a ocupação nazista.
Por isso, após a liberação da Bélgica, ficou proibido de trabalhar por
quase dois anos.
Mas Tintin não tem partido político e logo foi liberado para conquistar o restante do mundo.
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