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OUTONO-INVERNO 2001/BALANÇO
Mais e melhores desfiles; temporada se consolida
SÃO PAULO VISA CIRCUITO INTERNACIONAL
Apoiada pela indústria têxtil, moda "made in Brazil" não
precisa aludir a regionalismos
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João Wainer/Folha Imagem
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Mariana Weickert na zoomp |
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
D epois de seis dias de desfiles
nos salões do prédio da Fundação Bienal, no parque Ibirapuera, terminou na segunda-feira a
São Paulo Fashion Week, o décimo evento de lançamentos das
coleções, que teve a presença da
prefeita Marta Suplicy, do governador em exercício Geraldo Alckmin e de mais 70 mil pessoas.
Com ele, a moda brasileira confirma sua vocação para a globalização e quer sugerir São Paulo como "a quinta capital da moda",
atrás de Paris, Milão, Londres e
Nova York. Ainda é prematuro
dizer que isso já acontece, mas alguns passos foram dados. O primeiro e mais consistente deles é
justamente a montagem do evento na Bienal, amparada por programação visual elegante e limpa,
salas refrigeradas e controlada
confusão na entrada dos desfiles.
Os ufanistas vão gostar de saber
então que essa montagem paulistana não deveu nada para as salas
oficiais de Londres (nos jardins
do museu de História Nacional),
Nova York (nas tendas do Bryant
Park) e Milão (na impessoal Fieira
Milano). Talvez Paris ainda fique
na frente, com as salas subterrâneas no Louvre -mas é bem verdade que os desfiles mais importantes não acontecem lá, e sim em
locações alternativas na cidade.
Em termos de moda, houve
mais comprometimento da indústria têxtil e bons momentos do
made in Brazil, sem que isso signifique, necessariamente, ter-se
orientado por referências brasileiras. Muitos estilistas ainda sofrem
do efeito "500 anos", que os faz
sair pesquisando a cultura popular brasileira para agradar ao
olhar estrangeiro (não se trata de
pré-condição).
Ainda, mesmo com a presença
de jornalistas e compradores internacionais de lojas importantes,
alguns estilistas e marcas não se
mostraram constrangidos em
reeditar peças e imagens vistas recentemente nas passarelas da Europa e dos Estados Unidos. Se todo o mundo copia? Copia. Mas é
necessário que a moda brasileira
se imponha agora, em seus primeiros passos, como berço original e impoluto da criação.
Ainda dentro do caminho da
globalização, não funcionou por
enquanto a intenção de abrir para
estilistas da América Latina. OK, a
direção do evento quer consolidar
São Paulo como "gigante do Sul",
"pólo do Mercosul", tudo isso.
Mas, se a marca argentina Trosman Churba é o melhor nome para participar do evento, seu fraco
desfile mostrou que não é preciso
vir mais ninguém de fora -que
se deixe o espaço para as muitas
marcas brasileiras que precisam
de visibilidade no disputado mercado nacional. E que se crie, afinal, uma comissão isenta para
avaliar quem serão os próximos a
ingressar no evento.
O que vai ser moda no inverno:
o preto e o branco; o rosa, o roxo;
as rendas; o couro; o militarismo,
os anos 80, os anos 50, os scarpins
de todas as cores; os trench coats;
o jogo masculino-feminino; o
rock; o glam.
As roupas desfiladas chegarão
às lojas em março.
Excepcionalmente hoje não é publicada
a coluna Erika Palomino
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