São Paulo, sexta-feira, 09 de fevereiro de 2001

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OUTONO-INVERNO 2001/BALANÇO

Mais e melhores desfiles; temporada se consolida

SÃO PAULO VISA CIRCUITO INTERNACIONAL



Apoiada pela indústria têxtil, moda "made in Brazil" não precisa aludir a regionalismos


João Wainer/Folha Imagem
Mariana Weickert na zoomp




ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

D epois de seis dias de desfiles nos salões do prédio da Fundação Bienal, no parque Ibirapuera, terminou na segunda-feira a São Paulo Fashion Week, o décimo evento de lançamentos das coleções, que teve a presença da prefeita Marta Suplicy, do governador em exercício Geraldo Alckmin e de mais 70 mil pessoas.
Com ele, a moda brasileira confirma sua vocação para a globalização e quer sugerir São Paulo como "a quinta capital da moda", atrás de Paris, Milão, Londres e Nova York. Ainda é prematuro dizer que isso já acontece, mas alguns passos foram dados. O primeiro e mais consistente deles é justamente a montagem do evento na Bienal, amparada por programação visual elegante e limpa, salas refrigeradas e controlada confusão na entrada dos desfiles.
Os ufanistas vão gostar de saber então que essa montagem paulistana não deveu nada para as salas oficiais de Londres (nos jardins do museu de História Nacional), Nova York (nas tendas do Bryant Park) e Milão (na impessoal Fieira Milano). Talvez Paris ainda fique na frente, com as salas subterrâneas no Louvre -mas é bem verdade que os desfiles mais importantes não acontecem lá, e sim em locações alternativas na cidade.
Em termos de moda, houve mais comprometimento da indústria têxtil e bons momentos do made in Brazil, sem que isso signifique, necessariamente, ter-se orientado por referências brasileiras. Muitos estilistas ainda sofrem do efeito "500 anos", que os faz sair pesquisando a cultura popular brasileira para agradar ao olhar estrangeiro (não se trata de pré-condição).
Ainda, mesmo com a presença de jornalistas e compradores internacionais de lojas importantes, alguns estilistas e marcas não se mostraram constrangidos em reeditar peças e imagens vistas recentemente nas passarelas da Europa e dos Estados Unidos. Se todo o mundo copia? Copia. Mas é necessário que a moda brasileira se imponha agora, em seus primeiros passos, como berço original e impoluto da criação.
Ainda dentro do caminho da globalização, não funcionou por enquanto a intenção de abrir para estilistas da América Latina. OK, a direção do evento quer consolidar São Paulo como "gigante do Sul", "pólo do Mercosul", tudo isso. Mas, se a marca argentina Trosman Churba é o melhor nome para participar do evento, seu fraco desfile mostrou que não é preciso vir mais ninguém de fora -que se deixe o espaço para as muitas marcas brasileiras que precisam de visibilidade no disputado mercado nacional. E que se crie, afinal, uma comissão isenta para avaliar quem serão os próximos a ingressar no evento.
O que vai ser moda no inverno: o preto e o branco; o rosa, o roxo; as rendas; o couro; o militarismo, os anos 80, os anos 50, os scarpins de todas as cores; os trench coats; o jogo masculino-feminino; o rock; o glam.
As roupas desfiladas chegarão às lojas em março.


Excepcionalmente hoje não é publicada a coluna Erika Palomino


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