São Paulo, sexta-feira, 09 de fevereiro de 2001

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CRÍTICA

"Eu Vi o Que Vocês Fizeram com o Cinema no Inverno Retrasado"

DA REPORTAGEM LOCAL

Tinha tudo para dar errado. E deu.
Imolar o fenômeno "A Bruxa de Blair" com uma sequência era a garantia de dinheiro fácil nas bilheterias. Mas a transformação de seu original em franquia levaria a bruxa à fogueira da frivolidade, era difícil acreditar no contrário.
Para dirigir a continuação do famoso filme de terror de baixo orçamento que virou o cinema de cabeça para baixo em 1999, os criadores do projeto, Daniel Myrick e Eduardo Sanchez, tiveram o cuidado de escolher um bamba do documentário norte-americano.
Joe Berlinger foi escalado para a empreitada depois de fazer nome com "Paradise Lost", filme sobre o caso verídico de um tétrico e esquisito assassinato de uma criança em uma floresta nos confins da América, que levou a mofar na cadeia três rapazes cuja única culpa, dizem, era vestir preto e escutar heavy metal.
Mas Berlinger no comando, algumas boas idéias e um custo de produção 500 vezes maior que seu antecessor não conseguiram evitar que este "A Bruxa de Blair 2: O Livro das Sombras" não descambasse em um "Eu Vi o Que Vocês Fizeram com o Cinema no Inverno Retrasado".
"A Bruxa de Blair 2" continua a história 15 meses depois de os três estudantes de cinema penetrarem na floresta de Maryland com a idéia de fazer um documentário sobre uma lenda local, que envolvia a tão famosa bruxa, para depois nunca mais serem vistos.
Esta sequência começa assumindo o caráter de cinema-verdade de seu original. E até aí dava as caras como mais um documentário, não uma continuação, cujo objetivo era fazer uma auto-reflexão sobre o fenômeno que o filme "A Bruxa de Blair" havia criado na mídia.
Então, em vez de revelar o paradeiro dos três estudantes que sumiram, este "BB2" introduz cinco jovens fanáticos pela história do filme original, que, por acreditar entusiasticamente que é tudo verdade no primeiro "A Bruxa de Blair", vão peregrinar pela floresta de Maryland para vivenciar a atmosfera sombria do local.
E, de quebra, ver se dão de cara com a bruxa, com o cemitério de criancinhas ou com algum dos estudantes desaparecidos.
O grupo é guiado por um caipira local, que, para faturar em cima da famosa bruxa, resolveu organizar um passeio para fãs do filme-sensação.
Até chegar a uma casa abandonada, o filme percorre a linha de filmagem tosca do "A Bruxa de Blair" original. Mas o que era charme no primeiro filme cansa no segundo.
Depois, quando a trupe se instala em uma horrível casa abandonada, o filme mostra onde foi gasto seu orçamento de US$ 15 milhões: efeitos especiais, trucagens de vídeo e resultado mediano.
E, afinal, a tal bruxa existe mesmo? A resposta, se é que vai haver alguma, pode aparecer no "A Bruxa de Blair 3", que já está sendo preparado pelos jovens diretores do primeiro filme, aquele que fez história.
(LÚCIO RIBEIRO)



A Bruxa de Blair 2: O Livro das Sombras
Book of Shadows: Blair Witch 2

  
Direção: Joe Berlinger
Produção: EUA, 2000
Com: Erica Leerhsen, Stephen Barker Turner, Kim Director, Tristen Skyler
Quando: a partir de hoje nos cines Anália Franco, Extra Anchieta, Interlagos, Paulista e circuito




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