São Paulo, sábado, 09 de fevereiro de 2002

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FESTIVAL DE BERLIM

Aluizio Abranches mostra ficção "As Três Marias", e Mika Kaurismaki, documentário "Moro no Brasil"

Longas brasileiros estréiam no Panorama

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Um Brasil real e um imaginário ocupam hoje as telas da mostra Panorama, seleção não competitiva do Festival de Berlim.
Ainda inéditos no Brasil, o longa de ficção "As Três Marias", de Aluizio Abranches, e o documentário "Moro no Brasil", de Mika Kaurismaki, terão suas primeiras exibições públicas dentro de um programa composto majoritariamente por títulos europeus.
É a segunda vez que Abranches estréia um filme no Panorama. "Um Copo de Cólera", seu primeiro longa, baseado no livro de Raduan Nassar, teve percurso idêntico. Desta vez, é o próprio cineasta quem assina o roteiro, em colaboração com Heitor Dhalia, que lhe apresentou o argumento: no sertão nordestino, depois de calar uma paixão não correspondida durante décadas, um homem ordena a morte do marido e dos filhos varões de sua amada.
A viúva (Marieta Severo), determina às filhas (Júlia Lemmertz, Maria Luísa Mendonça e Luiza Mariani) que concretizem uma vingança na base do "olho por olho, dente por dente".
""As Três Marias" é muito mais um filme de personagens com um pano de fundo do que um filme de ação. Há dois universos: o feminino e o dos matadores, formando uma galeria de tipos ricos e envolvendo questões como o dinheiro, o poder, o desamparo e a dor, a partir de um trampolim passional", diz Abranches.
O cenário intimista de "Um Copo de Cólera" deu lugar a vastas paisagens em "As Três Marias". Para mais ressaltá-las, o diretor optou pela captação em super 35 mm. As filmagens foram em Pernambuco, "na região de Pesqueira e Brejo da Madre de Deus, entre o agreste e o sertão".
Mas interessava a Abranches não fazer um filme "tipicamente do sertão brasileiro". A preocupação surgiu desde a reunião do elenco. "Adoro fazer "casting". É uma das coisas que acho que faço melhor. Nesse filme, a mãe é Marieta Severo e suas filhas são todas muito altas, além do fato de que nenhuma se parece com a outra."
Abranches ainda não acertou a distribuição no Brasil de "As Três Marias", que teve orçamento de R$ 2,5 milhões. "Preferi deixar para ver o que aconteceria em Berlim e só mostrar o filme a um distribuidor depois de pronto. Mas vou lançá-lo ainda no primeiro semestre, ainda que seja sozinho", diz o cineasta.



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