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ANÁLISE
"Curta Criança" estimula novos talentos
ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Está no ar a segunda temporada do "Curta Criança". Aos
sábados e domingos, às 10h, é
possível assistir, na TV Educativa,
ao resultado de mais um concurso de roteiros infantis. Com o fim
do Carnaval, outras emissoras
públicas prometem incluir os filmes em sua programação.
São 19 curtas de 15 minutos produzidos a partir de projetos provenientes do Brasil inteiro. A idéia
é criar conteúdo infantil original
abordando temáticas ligadas ao
universo da cultura popular. Em
comum, os filmes de jovens realizadores, feitos de maneira independente, apresentam o esforço
de fazer incursões no universo da
fantasia.
É justamente no que têm de não
realistas que os curtas apresentados se saem melhor. Tampinha,
personagem mirim, literalmente
minúscula, navega em um barquinho de papel, pronta a enfrentar o Curupira, munida de poderosa pimenta.
Embora não apareça de cara inteira, o Curupira é personagem
recorrente, inspirando tramas
que procuram expressar medos
infantis. O Saci também comparece. Medo e suspense aparecem
também em "A Missa dos Mortos", curta em que Paulo Gorgulho vive o pai de três garotos que
se atrevem a visitar uma igreja
mal-assombrada.
"O Homem que Bota Ovo", literalmente, viaja em outros territórios, preferindo o registro da comédia.
O "Curta Criança" merece atenção especial pela proposta de investir em programação infantil e
estimular novos talentos.
Vale pisar mais fundo no acelerador, não se preocupar tanto
com o caráter didático, que às vezes torna maçante a "contextualização" excessiva das histórias.
Vale aprofundar a linha adotada,
caprichando na fantasia encantada, que é sim capaz de despertar a
inteligência infantil. E vale torcer
para que mais emissoras difundam o "Curta Criança" e o "Curta
Criança Animação", sobre os direitos infantis.
Esther Hamburger é antropóloga e
professora da ECA-USP
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