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"Acho um elogio ser coadjuvante",
diz Santana; shows são em março
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Aos 68 anos, Carlos Santana vive a prorrogação de um dos melhores picos da sua carreira. Celebrado em Woodstock e eternizado nos anos 70, o homem que
apresentou a latinidade ao rock
chega ao Brasil em março para
três shows grato por sua fase de
"ótimo coadjuvante" do pop.
"Recebo isso como um elogio, já
que eu sempre gostei de deixar a
minha guitarra a serviço da canção e do artista", afirma o artista
mexicano à Folha, por telefone,
dizendo-se grato por "continuar
tocando os corações das pessoas"
a esta altura de sua carreira.
A turnê no Brasil passará por
grandes espaços. No dia 15 de
março, será o Gigantinho de Porto Alegre; em 17, no estacionamento do Anhembi, em São Paulo; e no dia 18, a Praça da Apoteose no Rio. Os ingressos começam
a ser vendidos hoje pelo site
www.ticketmaster.com.br e variam de R$ 60 a R$ 500.
Como poucos, Santana soube
entender as regras do mercado da
música. Assim, explorou a mística
que havia em volta de seu som
sensual e selvagem nos anos 70,
como em "Abraxas" (1970), para
ressurgir como uma enorme potência comercial, garantido sua
ressurreição para as massas e renovando seu público.
"Houve muitas bênçãos desde
"Supernatural" (2000). Meu show
acabou se tornando uma celebração para toda a família", diz, com
indisfarçável satisfação e um leve
sotaque latino em seu inglês.
Naquela época, Santana despontou no topo das paradas com
"Smooth", ao lado do vocalista
Rob Thomas, do efêmero Matchbox 20, de quem você já não deve
se lembrar mais.
Testada com sucesso em "Supernatural", que vendeu 23 milhões de cópias, a fórmula de canções com balanço latino interpretadas por astros do pop -que estejam bem nas paradas- rendeu
continuações de relativo êxito:
"Shaman" e "All That I Am", do
ano passado.
A lista de convidados só aumentou: Dido, Alex Band (vocal do
Calling), Seal, Big Boi (Outkast),
Joss Stone, will.i.am (Blacked
Eyed Peas), Mary J. Blige e Steven
Tyler, entre muitos outros de qualidade duvidosa ou não.
Santana não vê problema nenhum nesse foco mais comercial
de sua carreira. "Fiz música instrumental de 1973 até 1997 porque
quis. Mas, desde 1999, descobri
que gosto de tocar com outras
pessoas. O problema dos críticos é
que eles têm um padrão pessoal
de como o artista deve ser. E eu
não estou aqui para servir aos críticos, e sim à música", afirma, sem
nenhuma nostalgia.
O método de escolha dos convidados, segundo ele, depende do
processo de composição. "Escrevo as canções primeiro, e é a canção quem vai dizer se vamos fazer
com Plácido Domingo, Andrea
Bocelli ou Milton Nascimento",
diz ele, que foi acompanhado no
Brasil por Gilberto Gil e Djavan
no Rock in Rio 2, em 1990. Esta será a terceira vez que o mexicano se
apresenta no país.
Santana deixa no ar que seu palco estará livre para receber convidados nacionais, mas nada que
esteja pré-confirmado.
Ao saber que Gil é o atual ministro da Cultura, Santana se surpreende. "Mesmo? Que ótimo! Fico feliz que uma pessoa de tanta
beleza e luz tenha chegado a um
cargo como esse", afirma.
O guitarrista, porém, declara
que jamais seguiria o mesmo caminho. "Política para mim é muito corrupta e nela há muitas pessoas de quem não gostaria de
apertar as mãos."
Dos anos 70, Santana trará,
além de grandes obras guitarreiras como "Soul Sacrifice" e "Black
Magic Woman", a mesma vontade de difundir um bom clima na
sua platéia.
"O mundo se tornou um lugar
de muita raiva e desespero. Acredito que, com a música, podemos
levar um pouco mais de paz, compaixão e inspiração às pessoas."
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