São Paulo, quinta-feira, 09 de fevereiro de 2006

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COMIDA

Com 111 anos, a Confeitaria Colombo cria menu em homenagem a Villa-Lobos, JK e outros clientes célebres

A mesa da fama

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Carmen Miranda (1909-1955) ainda não era a consagrada cantora e atriz quando deixava a chapelaria em que trabalhava na rua Gonçalves Dias, no centro do Rio, e entrava no salão vizinho da Confeitaria Colombo. Pedia camarões com chuchu.
O maestro Heitor Villa-Lobos (1887-1959) -filho de uma lavadeira da confeitaria e pianista de banquetes da casa- escolhia o Chateaubriand Colombo, um filé mignon alto com batatas, presunto e fios de ovos.
O escritor José Lins do Rego (1901-1957) cruzava os imponentes salões art nouveau -decorados com espelhos de cristal belga e piso de mármore italiano- para pedir o filé de frango à maryland, empanado, servido com bananas fritas e creme de milho.
São cenas de um Rio antigo, de uma época bela, cujas reminiscências se espalham nos dois salões da Confeitaria Colombo, fundada 111 anos atrás e que, em 6 de março, inaugura um novo cardápio, com os pratos preferidos de antigos clientes da casa.
Durante quatro anos, o chef Renato Freire pesquisou nos arquivos da confeitaria e do Itamaraty e entrevistou antigos funcionários e fregueses para reeditar as receitas da Colombo. "O desafio é resgatar os sabores da época. Tenho certeza de que o menu terá boa aceitação. Ninguém agüenta mais tanta novidade", analisa o chef da confeitaria, que recebe cerca de 3.000 pessoas diariamente.
O chef não se preocupa por estar na contramão da cultura light que se instala na gastronomia. ""A intenção não é fazer dessas comidas a dieta diária das pessoas. São para momentos especiais", diz.
Um dos exemplos de prato calórico foi o escolhido pelo ator Rock Hudson (1925-1985), o vol-au-vent de camarão. Hudson conheceu a Colombo em um Carnaval nos anos 60. Depois de provar comidas feitas pela confeitaria para o tradicional baile do Teatro Municipal, o ator norte-americano pediu a amigos para ser levado ao restaurante na semana seguinte.
Como contraposição ao excesso de calorias, Renato Freire aponta como prato leve o preferido pelo mais elegante jogador de futebol dos anos 40 e 50: o botafoguense Heleno de Freitas (1920-1959). Ele sempre comia salada com fatias de salmão defumado.

Os presidentes
Quando o Rio era capital federal, a confeitaria atraía até os presidentes da República, como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. JK costumava reclamar do calor da confeitaria. Ao ser informado de que, para que o ar-condicionado funcionasse melhor, seria preciso isolar os dois andares da casa, teria dito: "Se o preço é esse, deixe como está".
Getúlio Vargas será um dos homenageados pelo chef da casa, que colocará no cardápio o churrasco à Rio Grande - o clássico filé grelhado com farofa e molho à campanha (vinagre, óleo, salsinha, cebola, tomate e pimentão).
Os "novos" pratos deverão custar cerca de R$ 50, e o menu será servido nos almoços no restaurante Cristóvão, no segundo andar da confeitaria.


Confeitaria Colombo
Onde: r. Gonçalves Dias, 32, Centro, Rio, tel. 0/xx/21/2232-2300



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