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Oasis, futebol e rock'n'roll
Em entrevista exclusiva à Folha, em
Miami, o guitarrista Noel Gallagher fala
sobre a vinda da banda inglesa ao Brasil e
se diz atraído pelo país por causa de
"conexões futebolísticas"
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LÚCIO RIBEIRO
enviado especial a Miami
Na limo com Noel. Depois do
anúncio dos shows do Oasis no
Brasil, na quarta passada, a Folha
pegou carona na limusine que levaria o guitarrista Noel Gallagher
para uma sessão acústica nos estúdios da MTV Latino, em Miami.
No caminho, Noel falou com exclusividade à Folha sobre o atual
momento da banda, como está a
turnê pelos EUA, as expectativas
para as apresentações no Brasil e a
"conexão futebol", fator que faz
despertar a curiosidade do líder do
Oasis quanto ao país.
"É uma pena o Juninho ter quebrado a perna. Acho-o um grande
jogador (Juninho jogou no Middlesbrough, time inglês). O Brasil
vai sentir falta dele, não?", disse
Noel, algo desavisado.
Os shows do Brasil serão em
março, nos dias 20 (Metropolitan,
Rio) e 21 (Sambódromo, SP). Segundo o site da banda na Internet,
os ingressos devem ser colocados
à venda na próxima quarta-feira, o
que não está confirmado pela organização do evento.
O Oasis anunciou ainda, em
Miami, que deve lançar até o final
do ano uma coletânea com lados B
de singles e raridades. As músicas
do álbum serão escolhidas pelos
fãs da banda, por meio de voto para o endereço eletrônico do Oasis
(Oasis@Oasisinet.com).
Reprodução
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Noel Gallagher em frente ao público en show do Oasis em Knebnorth (Inglaterra) em agosto de 1996.
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Leia abaixo a entrevista exclusiva com Noel Gallagher, momentos
antes de o guitarrista emplacar um
"unplugged" de "Don't Go
Away" e "Help" (dos Beatles),
para o canal musical dos latinos.
Folha - Como está o Liam?
Noel Gallagher - Tudo bem
com ele. Quando eu o deixei, horas
atrás, ele estava na cama. Deve estar lá até agora (a entrevista aconteceu por volta das 4h30 da tarde).
Folha - Soube que ele pegou uma
forte gripe...
Gallagher - É ressaca mesmo.
Ele bebeu demais na noite passada.
Folha - Quais são suas expectativas de tocar na América do Sul, em
geral, e no Brasil, em particular?
Gallagher - Bem, nunca tocamos na América do Sul. Estamos
muito a fim. Quero ver como as
coisas são no Brasil. Já estive uma
vez na Argentina, em 1990, mas
não fui ao Brasil.
Folha - Foi na época que você
trabalhava com os Inspiral Carpets, não?
Gallagher - Eu era roadie da
banda. Teve uma turnê que os Carpets abriram para o Steppenwolf
em Buenos Aires, há oito anos.
Folha - Você sabia que em SP o
Oasis deve tocar em um lugar
construído para as escolas de samba desfilarem?
Gallagher - Não sabia... Isso é
bem engraçado. Mas estamos felizes em tocar no Brasil porque...
Você sabe... Por nossa afinidade
com futebol. Quando estivermos
em seu país, gostaríamos de ver
crianças jogando em ruas, escolas.
Folha - A turnê de 96 do Oasis na
América foi bem turbulenta e acabou no meio, com você brigando
com Liam, deixando a banda e voltando para a Inglaterra. Como tem
sido a turnê deste ano, até agora?
Gallagher - Esta tem sido muito
boa. A de 1996 foi bem legal também. A maioria dos shows deste
ano tem tido ingressos esgotados.
A banda tem tocado muito bem.
Estamos em um astral bastante
bom. Tudo está muito "cool".
Folha - Seis meses depois do lançamento do álbum "Be Here Now",
como você vê o disco hoje em dia?
Gallagher - Eu gosto bastante
dele, definitivamente. Não o tenho
escutado ultimamente, mas gosto
muito de tocá-lo ao vivo. Eu não
diria que é o melhor disco do mundo, mas está longe de ser o pior. Eu
diria que provavelmente é o melhor álbum do ano passado.
Folha - Se você pudesse mudar
algo no disco, o que você faria?
Gallagher - Não mudaria nada.
Acho-o perfeito para o momento
atual do Oasis. Não tiraria nenhuma música, talvez deixasse algumas mais curtas.
Folha - Quando o disco saiu, em
agosto de 97, as revistas e os jornais ingleses de música publicaram críticas bastante elogiosas.
Mas, nas listas de melhores do ano
de grande parte dessas mesmas
publicações, "Be Here Now" não
foi incluído entre os dez mais na
votação da crítica, só na dos leitores. O que você acha disso?
Gallagher - No Reino Unido,
existe um tipo de... Tem uns caras
na imprensa inglesa que às vezes
elegem uma banda para derrubar,
para mostrar que fazem o que querem com a cena inglesa... Eles tentaram isso com "Morning
Glory"... Se você pensar na via
oposta de tudo isso, os fãs gostaram do disco. E, se nossos fãs gostaram e lotam os lugares para nos
ver, isso é o que nos importa.
Folha - E qual é o seu "top 5" do
ano passado? Você incluiria "Be
Here Now" na lista?
Gallagher - Claro. É meu número 1. O do Verve ("Urban
Hymns") seria o segundo. O do
Cornershop ("When I Was Born
for the 7th Time"), o terceiro. O
número 4 é "Heavy Soul", do Paul
Weller. O quinto: "Marchin' Already", do Ocean Colour Scene.
Folha - "Be Here Now" foi eleito
o álbum do ano pelos leitores da
revista americana "Rolling Stone".
Isso não o surpreende, pois o "normal" seria eles elegerem Aerosmith, Metallica, Puff Daddy...
Gallagher - Seria. Eu não fiquei
chocado, mas sim muito surpreso.
Fiquei feliz porque os votos vieram
dos leitores, não dos críticos. Não
me lembro de termos tido críticas
muito favoráveis sobre nosso disco na "Rolling Stone".
Folha - O Oasis regravou "Street
Fighting Man", dos Stones, no último single, "All Around the
World". Mas você e o Liam não tiveram há pouco tempo uma discussão feia com Keith Richards?
Gallagher - Tivemos, mas não
importa. Como eu já disse, no final
do dia eu sempre vou para a cama
gostando muito dos Stones.
Folha - De novo a imprensa inglesa. Foi dito por lá que o Oasis
acabaria no final desta turnê "Be
Here Now Live". Vocês negaram a
história e até se pronunciaram oficialmente pela Internet. Existe algum tipo de guerra entre o Oasis e
a imprensa britânica?
Gallagher - Existe, claro. Eles
não gostam de nós, nós não gostamos deles. É simples assim.
Até hoje eles insistem em falar
nas brigas que eu tenho com o
Liam. Ora, se a minha mãe não se
importa com nossas brigas, porque é que eles... Liam é meu melhor amigo, mas ninguém nunca
escreveu uma linha sobre isso.
Folha - Em um futuro próximo,
você enxerga Noel Gallagher em
uma outra banda ou solo?
Gallagher - Não. No momento
não. A idéia de carreira solo não
me seduz nem um pouco. Minha
idéia é ficar no Oasis para sempre.
Folha - 1997 foi o ano da consolidação do britpop e da techno music nas paradas. Como você analisa
a música pop nestes últimos anos?
Gallagher - Acho que as pessoas se preocupam muito com os
rumos da música pop. Por que a
música tem que ir a algum lugar?
Muitos falam que a techno music é
inovação. Mas ela já é realidade na
Inglaterra há uns dez anos... Não
me preocupo com o futuro da música. John Lennon não se preocupava, Johnny Marr também não. A
música vai aonde ela tem que ir. A
única coisa que me preocupa é escrever boas canções.
Folha - Para terminar, quem vai
ganhar a Copa do Mundo?
Gallagher - Inglaterra, claro.
Estou brincando, o Brasil deve ganhar. Mas acho que o primeiro jogo, contra a Escócia, deve ser bem
difícil para o Brasil, se o time achar
que já ganhou. A Escócia tem um
time muito duro. Mas, na verdade,
se o Brasil ganhar de 10 x 0, eu não
vou me surpreender.
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