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CINEMA
Mostra argentina tem aula magna com Tim Robbins e Susan Sarandon
Festival de Mar del Plata adota lado B de Hollywood
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é sempre que se reúnem
sob o mesmo teto a atriz francesa
Juliette Binoche, o casal hollywoodiano Susan Sarandon e Tim
Robbins, o cineasta inglês Michael Winterbottom e filmes de
Burkina Fasso e do Gabão.
O menu variado é atração do 21º
Festival Internacional de Cinema
de Mar del Plata, que começa hoje, no balneário argentino.
Sarandon e Robbins inauguram, amanhã, a série de oito aulas
magnas (abertas ao público) que
o festival promove até o seu encerramento, no próximo dia 19.
A escolha do casal norte-americano -distinguido em Hollywood por suas vozes críticas e engajadas- não é aleatória.
O Festival de Mar del Plata, assim como boa parte de seus pares
ao redor do mundo, tenta hoje firmar uma identidade em oposição
ao cinema mainstream de Hollywood. Essa não é uma escolha somente "ideológica", mas tem
também suas razões práticas.
Blockbusters
Com a bem azeitada máquina
de divulgação de que dispõe, a indústria de blockbusters hollywoodiana prescinde de festivais de
menor alcance para divulgar-se.
Lançamentos enormes combinam com festivais idem, como
demonstra o filme de abertura do
próximo Festival de Cannes (17 a
28/5): "O Código Da Vinci".
Em sua apresentação do festival
de Mar del Plata, o presidente da
mostra, Miguel Pereira, observa:
"Enquanto Hollywood tende a
unificar tudo num único olhar
homogêneo, os festivais de cinema tentam mostrar o riquíssimo e
amplo tapete cultural formado
pela imensa diversidade de olhares de cineastas de todos os confins do planeta". Encaixam-se
nesse propósito os filmes de Burkina Fasso, do Gabão, da Mauritânia e de outros países da região,
reunidos na seção Panorama do
Cinema Africano.
Os 18 títulos da competição oficial têm em comum o recorte "autoral", com a presença de alguns
expoentes desse tipo de cinema
que faz o deleite de quase toda a
crítica, mas conquista uma parcela pouco numerosa do público.
O brasileiro Marcelo Gomes leva para a disputa seu longa de estréia, "Cinema, Aspirinas e Urubus", premiado em Cannes e na
Mostra de São Paulo.
Gomes dividirá a atenção do júri com os novos trabalhos de Kim
Ki-duk, sensação do cinema sul-coreano; de Terrence Malick, o
bissexto e sempre comentado cineasta norte-americano; e de
Werner Herzog, o alemão que
deixou a ficção para ser referência
no documentarismo contemporâneo.
Em exibições hors-concours estão, entre outros, os títulos recentes de Michael Winterbottom ("A
Cock & Bull Story") e Abel Ferrara ("Mary"), que também dará
sua aula magna na programação.
Completam o quadro de "mestres" o polonês Krysztof Zanussi,
o sul-africano Ramadan Suleman,
o norte-americano Paul Morrissey e o britânico Charles McDougall. Mc Dougall é a exceção que
contraria a regra do festival de
prestigiar o lado B de Hollywood.
Em Los Angeles, o diretor associou seu nome às séries "Sex and
the City" e "Desperate Howsewives". Espírito crítico à parte, com
o sucesso também se aprende.
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