São Paulo, quinta-feira, 09 de março de 2006

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CINEMA

Mostra argentina tem aula magna com Tim Robbins e Susan Sarandon

Festival de Mar del Plata adota lado B de Hollywood

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Não é sempre que se reúnem sob o mesmo teto a atriz francesa Juliette Binoche, o casal hollywoodiano Susan Sarandon e Tim Robbins, o cineasta inglês Michael Winterbottom e filmes de Burkina Fasso e do Gabão.
O menu variado é atração do 21º Festival Internacional de Cinema de Mar del Plata, que começa hoje, no balneário argentino.
Sarandon e Robbins inauguram, amanhã, a série de oito aulas magnas (abertas ao público) que o festival promove até o seu encerramento, no próximo dia 19.
A escolha do casal norte-americano -distinguido em Hollywood por suas vozes críticas e engajadas- não é aleatória.
O Festival de Mar del Plata, assim como boa parte de seus pares ao redor do mundo, tenta hoje firmar uma identidade em oposição ao cinema mainstream de Hollywood. Essa não é uma escolha somente "ideológica", mas tem também suas razões práticas.

Blockbusters
Com a bem azeitada máquina de divulgação de que dispõe, a indústria de blockbusters hollywoodiana prescinde de festivais de menor alcance para divulgar-se.
Lançamentos enormes combinam com festivais idem, como demonstra o filme de abertura do próximo Festival de Cannes (17 a 28/5): "O Código Da Vinci".
Em sua apresentação do festival de Mar del Plata, o presidente da mostra, Miguel Pereira, observa: "Enquanto Hollywood tende a unificar tudo num único olhar homogêneo, os festivais de cinema tentam mostrar o riquíssimo e amplo tapete cultural formado pela imensa diversidade de olhares de cineastas de todos os confins do planeta". Encaixam-se nesse propósito os filmes de Burkina Fasso, do Gabão, da Mauritânia e de outros países da região, reunidos na seção Panorama do Cinema Africano.
Os 18 títulos da competição oficial têm em comum o recorte "autoral", com a presença de alguns expoentes desse tipo de cinema que faz o deleite de quase toda a crítica, mas conquista uma parcela pouco numerosa do público.
O brasileiro Marcelo Gomes leva para a disputa seu longa de estréia, "Cinema, Aspirinas e Urubus", premiado em Cannes e na Mostra de São Paulo.
Gomes dividirá a atenção do júri com os novos trabalhos de Kim Ki-duk, sensação do cinema sul-coreano; de Terrence Malick, o bissexto e sempre comentado cineasta norte-americano; e de Werner Herzog, o alemão que deixou a ficção para ser referência no documentarismo contemporâneo.
Em exibições hors-concours estão, entre outros, os títulos recentes de Michael Winterbottom ("A Cock & Bull Story") e Abel Ferrara ("Mary"), que também dará sua aula magna na programação.
Completam o quadro de "mestres" o polonês Krysztof Zanussi, o sul-africano Ramadan Suleman, o norte-americano Paul Morrissey e o britânico Charles McDougall. Mc Dougall é a exceção que contraria a regra do festival de prestigiar o lado B de Hollywood.
Em Los Angeles, o diretor associou seu nome às séries "Sex and the City" e "Desperate Howsewives". Espírito crítico à parte, com o sucesso também se aprende.


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