São Paulo, domingo, 09 de março de 2008

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Livro de Verissimo é o quinto da "Coleção"

"Um Certo Capitão Rodrigo" estará à venda no próximo domingo por R$ 14,90

A obra, da trilogia "O Tempo e o Vento", faz uma crítica à moral conservadora do início do século 19 e revela a região Sul do país

DA REPORTAGEM LOCAL

"Um Certo Capitão Rodrigo", quinto volume da "Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros", faz parte da famosa trilogia "O Tempo e o Vento", de Erico Verissimo.
A série de eventos protagonizada por Rodrigo Cambará fez tanto sucesso que passou a ser disponibilizada como livro de leitura independente.
Amante do carteado, da cachaça e da companhia feminina, o capitão Rodrigo desafia a moral conservadora do início do século 19 e provoca a desconfiança da população de Santa Fé, quando chega ao lugarejo com o chapéu puxado para a nuca, a cabeleira ao vento e o violão a tiracolo. "Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!", grita o malas-artes à guisa de apresentação.
O conflito se acirra quando Rodrigo se apaixona pela formosa Bibiana Terra, cortejada pelo filho do coronel Ricardo Amaral Neto, o mandatário político de Santa Fé. O capitão não se deixa intimidar nem mede conseqüências: para ele "é oito ou oitenta". Seu comportamento descomedido sugere o descortinar de uma tragédia.
A obra, que traz como pano de fundo a sangrenta Revolução Farroupilha, dá mostras do talento de Erico de compor personagens críveis e cativantes, como o rebelde Rodrigo e a tenaz Bibiana, e de desenvolver narrativas que cativam a imaginação do leitor.
Além da saga de "O Tempo e o Vento", lançada em sete volumes entre 1949 e 1963, Erico publicou inúmeros romances de êxito, como "Clarissa" e "Incidente em Antares" -que o tornaram o mais popular romancista brasileiro do século 20, ao lado de Jorge Amado.
O escritor, que se definia modestamente como um "contador de histórias", sofreu influência da técnica narrativa posta em prática pelo romancista inglês Aldous Huxley. O método consiste em entrelaçar diversas situações, passando de uma a outra como em um contraponto musical. Embora o procedimento se mostre mais visível no romance "Caminhos Cruzados", de certo modo está presente em quase todas as obras de Erico.
Ora descrevendo a burguesia dos centros urbanos (como em "Clarissa"), ora investindo em uma notação de cunho mais regionalista (como neste "Um Certo Capitão Rodrigo"), Erico foi responsável por desvendar ao Brasil um pedaço -então- ainda desconhecido de seu território: a região Sul.
Ao explicar o "papel extraordinário" que tiveram os escritores da geração de 1930 (da qual Erico faz parte) na elucidação do Brasil aos brasileiros, o crítico Antonio Candido confessa seu encanto de "ginasiano do interior de Minas" diante dos livros do gaúcho. Para ele, como para milhares de leitores, as obras de Erico "foram antes de mais nada uma espécie de revelação do Rio Grande do Sul".
Embora a novidade em torno da região na época ainda desconhecida tenha desde então desaparecido, pode-se dizer que o deslumbramento diante do universo ficcional criado por Erico Verissimo não se perdeu: mantém-se intacto até os dias de hoje.

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