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Livro de Verissimo é o quinto da "Coleção"
"Um Certo Capitão Rodrigo" estará à venda no próximo domingo por R$ 14,90
A obra, da trilogia "O Tempo e o Vento", faz uma crítica à moral conservadora
do início do século 19 e revela a região Sul do país
DA REPORTAGEM LOCAL
"Um Certo Capitão Rodrigo",
quinto volume da "Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros", faz parte da famosa trilogia "O Tempo e o Vento", de
Erico Verissimo.
A série de eventos protagonizada por Rodrigo Cambará fez
tanto sucesso que passou a ser
disponibilizada como livro de
leitura independente.
Amante do carteado, da cachaça e da companhia feminina, o capitão Rodrigo desafia a
moral conservadora do início
do século 19 e provoca a desconfiança da população de Santa Fé, quando chega ao lugarejo
com o chapéu puxado para a
nuca, a cabeleira ao vento e o
violão a tiracolo. "Buenas e me
espalho! Nos pequenos dou de
prancha e nos grandes dou de
talho!", grita o malas-artes à
guisa de apresentação.
O conflito se acirra quando
Rodrigo se apaixona pela formosa Bibiana Terra, cortejada
pelo filho do coronel Ricardo
Amaral Neto, o mandatário político de Santa Fé. O capitão
não se deixa intimidar nem mede conseqüências: para ele "é
oito ou oitenta". Seu comportamento descomedido sugere o
descortinar de uma tragédia.
A obra, que traz como pano
de fundo a sangrenta Revolução Farroupilha, dá mostras do
talento de Erico de compor
personagens críveis e cativantes, como o rebelde Rodrigo e a
tenaz Bibiana, e de desenvolver
narrativas que cativam a imaginação do leitor.
Além da saga de "O Tempo e
o Vento", lançada em sete volumes entre 1949 e 1963, Erico
publicou inúmeros romances
de êxito, como "Clarissa" e "Incidente em Antares" -que o
tornaram o mais popular romancista brasileiro do século
20, ao lado de Jorge Amado.
O escritor, que se definia modestamente como um "contador de histórias", sofreu influência da técnica narrativa
posta em prática pelo romancista inglês Aldous Huxley. O
método consiste em entrelaçar
diversas situações, passando de
uma a outra como em um contraponto musical. Embora o
procedimento se mostre mais
visível no romance "Caminhos
Cruzados", de certo modo está
presente em quase todas as
obras de Erico.
Ora descrevendo a burguesia
dos centros urbanos (como em
"Clarissa"), ora investindo em
uma notação de cunho mais regionalista (como neste "Um
Certo Capitão Rodrigo"), Erico
foi responsável por desvendar
ao Brasil um pedaço -então-
ainda desconhecido de seu território: a região Sul.
Ao explicar o "papel extraordinário" que tiveram os escritores da geração de 1930 (da qual
Erico faz parte) na elucidação
do Brasil aos brasileiros, o crítico Antonio Candido confessa
seu encanto de "ginasiano do
interior de Minas" diante dos
livros do gaúcho. Para ele, como para milhares de leitores, as
obras de Erico "foram antes de
mais nada uma espécie de revelação do Rio Grande do Sul".
Embora a novidade em torno
da região na época ainda desconhecida tenha desde então desaparecido, pode-se dizer que o
deslumbramento diante do
universo ficcional criado por
Erico Verissimo não se perdeu:
mantém-se intacto até os dias
de hoje.
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