São Paulo, domingo, 09 de março de 2008

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Crítica

"Rei da Escócia" tem direção desastrosa

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O Oscar pode ser uma cerimônia bocejante, como a deste ano, em que os irmãos Coen receberam suas estatuetas quase com tédio, tal a distância que separava seu filme dos demais concorrentes.
Mas também pode ser espantosa. Por que Forest Whitaker ganhou o prêmio de melhor ator de 2006 por "O Último Rei da Escócia"? A questão é irrelevante, exceto pelo fato de esse filme passar hoje no canal Telecine Pipoca, às 20h.
Seria possível listar umas dez interpretações mais interessantes dele, a começar por "Bird", em 1988.
Mas o que emplacou foi este filme dirigido desastradamente por Kevin Macdonald sobre a relação entre o jovem médico Nicholas Garrigan e o tirano ugandense Idi Amin Dada.
Problema principal do filme: o essencial da trama não é Idi Amin, mas o caráter do médico, que transita entre o aventureiro colonial, o jovem sedutor, o curandeiro científico, o deslumbrado e o homem submisso às benesses do poder.
É Garrigan o personagem interessante da história. Idi Amin não passa, em linhas gerais, daquilo que foi desde o início: um ditador africano. Mas o ator principal é Forest. Então o filme hesita entre a lógica da trama e a da produção, evoluindo para o nada de que o retirou esse Oscar de melhor ator.
Opções muito mais decentes para hoje: "Showgirls" (TC Action, 19h35), de Paul Verhoeven, e "Colateral" (Universal, 21h), de Michael Mann.


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