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Ratinho quer ser "Mazzaropi do ano 2000'
Luzia Ferreira/Folha Imagem
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O apresentador Ratinho, que já trabalhou de palhaço num circo
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DANIEL CASTRO
da Reportagem Local
Está marcado para a próxima
quinta, às 21h40, o duelo da semana na TV brasileira. De um lado,
estará Carlos "Ratinho" Massa. Do
outro, pela Globo, justamente o
maior ídolo do apresentador da
Record, o "rei" Roberto Carlos.
Se vencer a Globo, como ocorreu nas últimas três semanas, Ratinho será o novo "rei das quintas-feiras". Na quinta passada, o
programa de mundo-cão da Record alcançou a marca histórica de
26 pontos de média no Ibope, contra 24 da Globo no mesmo horário. Na Grande São Paulo, cada
ponto no Ibope equivale a cerca de
80 mil telespectadores.
A reapresentação do "Especial
Roberto Carlos 97" é vista por Ratinho como "uma tentativa desesperada" da Globo de anular o novo fenômeno de audiência da TV
brasileira: o próprio Ratinho.
Por causa da performance de
Ratinho no Ibope, a Globo tirou
do ar o seriado "Plantão Médico",
e apelou a programas mais populares, como o musical de Roberto
Carlos. Na semana passada, a tática não deu certo: Ratinho deu
"uma surra" (expressão dele) no
"Som Brasil" de axé music.
O ataque final contra Ratinho
será em abril. A Globo aposta na
minissérie "Dona Flor e Seus Dois
Maridos" e no seriado "Mulher".
O SBT pode tornar diário o programa "Márcia".
Ratinho quer é mais. Para "sair
dos limites da televisão", ele se
prepara para co-produzir e protagonizar um filme no segundo semestre deste ano.
"Quero ser o Mazzaropi do ano
2000", diz ele, sobre o tom cômico
e caipira do filme, ainda sem nome, que terá a reforma agrária como tema e orçamento de US$ 5
milhões -cifra considerada milionária para o cinema brasileiro.
Na produção de "O Que É Isso,
Companheiro", foram gastos cerca de R$ 3,5 milhões.
A seguir, os principais trechos de
entrevista concedida à Folha na
última sexta-feira.
Folha - O que está acontecendo
com a TV brasileira?
Carlos "Ratinho" Massa - Hoje
todo mundo tem TV com controle
remoto. Isso faz com que as pessoas procurem outras opções. O
segredo do "Ratinho Livre" é mostrar coisas que o Brasil nunca viu
na TV, boi com três chifres, criança que só mexe a cabeça e que o
resto do corpo é uma bola de carne, mas que vai virar cantora.
Acho que essa popularização está
fazendo com que as pessoas deixem de assistir novela.
Folha - Por sua causa, a Globo está baixando o nível?
Ratinho - A Globo tem de se popularizar. Sabe que tem de fazer
uma TV mais popular do que a que
fez até hoje. O padrão global está
indo para a TV paga. A TV aberta
tem de fazer feijão-com-arroz.
Folha - Você imaginava que o bizarro poderia fazer tanto sucesso?
Ratinho - Jamais imaginei.
Nunca passou pela minha cabeça
que uma grande parcela da população fosse gostar disso. Eu imaginava atingir as classes C e D e conseguimos um público jovem.
Folha - O que você acha de o SBT
colocar o "Márcia" todo dia para
disputar com você?
Ratinho - Ótimo. Eu gosto de
ganhar dela. A Márcia (Goldschmidt, apresentadora) não é humilde. Ela falou mal do meu programa, que era de baixo nível. Que nível tem o programa dela, com um
monte de gente brigando?
Folha - Você vai mesmo fazer um
filme sobre reforma agrária?
Ratinho Sim. Vou mostrar os
dois lados da reforma agrária. O
lado do sem-terra que quer a terra
para trabalhar e o do picareta, que
quer a terra para vender.
Folha - Você vai ser qual?
Ratinho - O mocinho, porque
eu não sou besta. Vamos ter também o fazendeiro produtivo e o
improdutivo.
Folha - Mas será uma comédia?
Ratinho - Sim. Eu quero ser um
Mazzaropi do ano 2000?
Folha - Como assim?
Ratinho - Eu gosto do título.
Acho difícil acontecer isso, mas
gosto. Acho que tenho muito a ver
com Mazzaropi, que sempre mostrou a diferença entre a riqueza e a
miséria. Sou um indignado e sincero como Mazzaropi. Vou ser um
caipira urbanizado, o cara que sai
da roça, vem para a cidade e depois
volta para ajudar os que ficaram.
Folha - Você vai continuar batendo a Globo nas quintas-feiras? Por
que só nas quintas.
Ratinho - Vou tentar. Isso ocorre nas quintas porque nesse dia
meu programa é mais longo e também é o encerramento dos casos
da semana. Agora vamos tentar
ganhar na segunda, na terça, na
quarta. Pra concorrer, a Globo tem
de fazer programa ao vivo.
Folha - Você não acha que exagera um pouco nas aberrações?
Ratinho - Eu não me preocupo
com esses aspectos. Eu me preocupo em solucionar o problema da
pessoa. Se vejo que é uma coisa que
não tem solução, não coloco no ar.
Folha - Você já vetou alguma coisa? O que?
Ratinho - Muitas. Crianças, por
exemplo, que têm doença sem cura. Se não tem cura, pra que vou
pôr no ar? Só exibimos quando há
possibilidade de ajudar.
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