São Paulo, segunda, 9 de março de 1998

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TELEVISÃO
Segundo Ratinho, a TV aberta tem de fazer "feijão-com-arroz" para conseguir bons índices de audiência
"A Rede Globo tem de se popularizar"

da Reportagem Local

Leia os principais trechos de entrevista que o apresentador Carlos "Ratinho" Massa concedeu à Folha na última sexta-feira.

Folha - Na sua opinião, o que está acontecendo com a TV brasileira?
Carlos "Ratinho" Massa - Hoje todo mundo tem televisor com controle remoto. Isso faz com que as pessoas procurem outras opções. O segredo do "Ratinho Livre" é mostrar coisas que o Brasil nunca viu na TV, boi com três chifres, criança que só mexe a cabeça e que o resto do corpo é uma bola de carne, mas que vai virar cantora. Acho que essa popularização está fazendo com que as pessoas deixem de assistir novela.
Folha - Por sua causa, a Globo está baixando o nível?
Ratinho -
A Globo tem de se popularizar. Sabe que tem de fazer uma TV mais popular do que a que fez até hoje. O padrão global está indo para a TV paga. A TV aberta tem de fazer feijão-com-arroz.
Folha - Você imaginava que o bizarro poderia fazer tanto sucesso?
Ratinho -
Jamais imaginei. Nunca passou pela minha cabeça que uma parcela tão grande da população fosse gostar disso. Eu imaginava atingir as classes C e D e conseguimos um público jovem.
Folha - O que você acha de o SBT colocar o "Márcia" todo dia para disputar com você?
Ratinho -
Ótimo. Eu gosto de ganhar dela. A Márcia (Goldschmidt, apresentadora) não é humilde. Ela falou mal do meu programa, que era de baixo nível. Que nível tem o programa dela, com um monte de gente brigando?
Folha - Você vai fazer um filme sobre reforma agrária?
Ratinho
Sim. Vou mostrar os dois lados da reforma agrária. O lado do sem-terra que quer a terra para trabalhar e o do picareta, que quer a terra para vender.
Folha - Você vai ser qual?
Ratinho -
O mocinho, porque eu não sou besta. Vamos ter também o fazendeiro produtivo e o improdutivo.
Folha - Mas será uma comédia?
Ratinho -
Sim. Eu quero ser um Mazzaropi do ano 2000.
Folha - Como assim?
Ratinho -
Eu gosto do título. Acho difícil acontecer isso, mas gosto. Acho que tenho muito a ver com Mazzaropi, que sempre mostrou a diferença entre a riqueza e a miséria. Sou um indignado e sincero como Mazzaropi. Vou ser um caipira urbanizado, o cara que sai da roça, vem para a cidade e depois volta para ajudar os que ficaram na roça.
Folha - Você vai continuar batendo a Globo nas quintas-feiras? Por que só nas quintas?
Ratinho -
Vou tentar. Isso ocorre nas quintas porque nesse dia meu programa é mais longo e também é o encerramento dos casos que começamos a abordar desde a segunda-feira. Agora vamos tentar ganhar na segunda, na terça, na quarta. Pra concorrer, a Globo tem de fazer programa ao vivo.
Folha - Você não acha que exagera um pouco nas aberrações?
Ratinho -
Eu não me preocupo com esses aspectos. Eu me preocupo em solucionar o problema da pessoa. Se vejo que é uma coisa que não tem solução, não coloco no ar.
Folha - Você já vetou alguma coisa? O quê?
Ratinho -
Muitas. Crianças, por exemplo, que têm doença sem cura. Se não tem cura, pra que vou pôr no ar? Só exibimos quando há possibilidade de ajudá-la de alguma maneira.



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