|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELEVISÃO
Segundo Ratinho, a TV aberta tem de fazer "feijão-com-arroz" para conseguir bons índices de audiência
"A Rede Globo tem de se popularizar"
da Reportagem Local
Leia os principais trechos de entrevista que o apresentador Carlos
"Ratinho" Massa concedeu à Folha na última sexta-feira.
Folha - Na sua opinião, o que está
acontecendo com a TV brasileira?
Carlos "Ratinho" Massa - Hoje
todo mundo tem televisor com
controle remoto. Isso faz com que
as pessoas procurem outras opções. O segredo do "Ratinho Livre"
é mostrar coisas que o Brasil nunca
viu na TV, boi com três chifres,
criança que só mexe a cabeça e que
o resto do corpo é uma bola de carne, mas que vai virar cantora.
Acho que essa popularização está
fazendo com que as pessoas deixem de assistir novela.
Folha - Por sua causa, a Globo está baixando o nível?
Ratinho - A Globo tem de se popularizar. Sabe que tem de fazer
uma TV mais popular do que a que
fez até hoje. O padrão global está
indo para a TV paga. A TV aberta
tem de fazer feijão-com-arroz.
Folha - Você imaginava que o bizarro poderia fazer tanto sucesso?
Ratinho - Jamais imaginei.
Nunca passou pela minha cabeça
que uma parcela tão grande da população fosse gostar disso. Eu imaginava atingir as classes C e D e
conseguimos um público jovem.
Folha - O que você acha de o SBT
colocar o "Márcia" todo dia para
disputar com você?
Ratinho - Ótimo. Eu gosto de
ganhar dela. A Márcia (Goldschmidt, apresentadora) não é humilde. Ela falou mal do meu programa, que era de baixo nível. Que nível tem o programa dela, com um
monte de gente brigando?
Folha - Você vai fazer um filme
sobre reforma agrária?
Ratinho Sim. Vou mostrar os
dois lados da reforma agrária. O
lado do sem-terra que quer a terra
para trabalhar e o do picareta, que
quer a terra para vender.
Folha - Você vai ser qual?
Ratinho - O mocinho, porque
eu não sou besta. Vamos ter também o fazendeiro produtivo e o
improdutivo.
Folha - Mas será uma comédia?
Ratinho - Sim. Eu quero ser um
Mazzaropi do ano 2000.
Folha - Como assim?
Ratinho - Eu gosto do título.
Acho difícil acontecer isso, mas
gosto. Acho que tenho muito a ver
com Mazzaropi, que sempre mostrou a diferença entre a riqueza e a
miséria. Sou um indignado e sincero como Mazzaropi. Vou ser um
caipira urbanizado, o cara que sai
da roça, vem para a cidade e depois
volta para ajudar os que ficaram na
roça.
Folha - Você vai continuar batendo a Globo nas quintas-feiras? Por
que só nas quintas?
Ratinho - Vou tentar. Isso ocorre nas quintas porque nesse dia
meu programa é mais longo e também é o encerramento dos casos
que começamos a abordar desde a
segunda-feira. Agora vamos tentar
ganhar na segunda, na terça, na
quarta. Pra concorrer, a Globo tem
de fazer programa ao vivo.
Folha - Você não acha que exagera um pouco nas aberrações?
Ratinho - Eu não me preocupo
com esses aspectos. Eu me preocupo em solucionar o problema da
pessoa. Se vejo que é uma coisa que
não tem solução, não coloco no ar.
Folha - Você já vetou alguma coisa? O quê?
Ratinho - Muitas. Crianças, por
exemplo, que têm doença sem cura. Se não tem cura, pra que vou
pôr no ar? Só exibimos quando há
possibilidade de ajudá-la de alguma maneira.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|