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POPLOAD
Onipresente, Morrissey ri à toa
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
A espera do desesperadamente aguardado álbum novo do ex-líder dos Smiths tem
provocado uma divertida histeria,
que tanto aponta para o futuro
imediato (o disco novo em si) como desencava do passado uma
morrisseymania inesgotável.
"You Are the Quarry", o primeiro disco do adorado cantor desde
"Maladjusted", de 1997, está programado para chegar às lojas no
dia 17 de maio próximo. O primeiro single, "Irish Blood, English Heart", que será lançado
uma semana antes do CD cheio, já
toca nas rádios inglesas e americanas e já vê seu mp3 circulando
em alta velocidade de computador a computador.
A faixa que vai abrir o disco novo, "America Is Not the World", é
uma homenagem de Morrissey
ao país que escolheu viver no exílio do pop inglês. A letra diz que
os EUA são "a land of opportunity
in a just and truthful way/ and
where the President is not black,
female or gay" (uma terra de
oportunidades única e verdadeira/ e onde o presidente não é negro, mulher ou gay). O bocudo
ataca novamente.
Morrissey argentino
Na Argentina, uma música de
2002 volta à voga como saudação
ao novo passo do bardo inglês.
Considerado por ele mesmo a referência do pop argentino, o ambíguo cantor Leo García cunhou a
canção "Morrissey" e botou a dita
em seu disco, dois anos atrás. Pop
rock chicano de louvor ao ícone
dos que sofrem com e pela música, aos que se comunicam em língua portuguesa ela soa bem brega, mas a vida é assim mesmo.
Trecho da letra de "Morrissey",
composta no instante depois que
García viu um show do homenageado em Buenos Aires, é assim:
"Sabrá tu novia que escuchamos Morrissey? Que me extrañas
más de lo que ella te extraña? Sabrá tu novia que escuchamos
Morrissey? Con quién estabas la
vez que te llamábamos? (...) Ella
escucha Björk, Bowie, Beck/ Ella
repite la palabra DJ/ Ella escucha
el disco que te regalé/ Pero sé que
no sabe de Morrissey (...)/ Morrissey Morrissey Morrissey Morrissey Morrissey Morrissey". É daí
para mais.
Mundo mudado
Os Smiths, de Morrissey, estão
entre as 15 bandas que mudaram
o mundo, dentre as 50 da lista publicada pela revista inglesa "Q",
em sua edição de maio. A justificativa da "Q": antes dos Smiths, a
música pop era artificial e de plástico. E um milhão de jovens desolados se trancavam no quarto para chorar. Depois dos Smiths, veio
a renascença da música de guitarras. E um milhão de jovens desolados se trancavam no quarto para chorar ouvindo Smiths.
"Ele respondeu!!"
Um dos mais influentes veículos
pop do planeta, o semanário britânico "New Musical Express" estampa Morrissey na capa na edição da semana que vem. O
"NME" comemora, em letras
maiúsculas: "SIM, ELE FINALMENTE RESPONDEU NOSSO
CHAMADO!".
Sobre o novo disco, que vai sair
em maio, Morrissey disse ao semanário que é o melhor trabalho
de sua vida.
"Eu cheguei um dia à noite em
casa e coloquei o disco para tocar.
E me senti... fantástico", afirmou
o cantor.
Morrissey ri à toa, na entrevista
ao "NME", quando é mencionado
que ótimas bandas novas e diversas como o punkoso Libertines e o
pop-art Franz Ferdinand o declaram como uma enorme influência.
E-mail: lucio@uol.com.br
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