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Crítica/artes plásticas
Montagem e trabalhos inéditos se destacam em mostra no Itaú Cultural
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Quase Líquido",
mostra em cartaz
no Itaú Cultural,
com curadoria de Cauê Alves,
radicaliza uma linha adotada
nas exposições mais recentes
da instituição: poucas obras,
que ocupam os espaços de maneira mais digna, e propostas
comissionadas, o que faz com
que não sejam só exibidos trabalhos conhecidos, mas impulsionada sua criação.
Propiciando a experimentação, o Itaú Cultural dá sentido
às suas vultosas receitas. Enquanto museus raramente têm
verbas para a produção de novas obras, instituições privadas
como o Itaú ou mesmo o Centro Cultural Banco do Brasil,
que não possuem acervos e
seus decorrentes gastos, podem investir no incentivo e não
ficam apenas tomando obras
emprestadas.
Em "Quase Líquido", isso faz
com que artistas como Daniel
Acosta, Ana Maria Tavares e
Lucia Koch, entre outros, sejam vistos com novos desdobramentos em suas carreiras.
Em Acosta, pela primeira vez
há um componente cinético em
seu trabalho. Com Tavares,
cristaliza-se ainda mais o diálogo com a arquitetura moderna
-no caso, com Lina Bo Bardi-,
e Koch amplia seus espaços
imersivos, evocando o norte-americano Dan Flavin.
Dentre os trabalhos inéditos,
um dos destaques é o conjunto
de ventiladores do mexicano
radicado no Brasil Héctor Zamora. Integrados ao teto da exposição de forma mimética,
funcionando com velocidades
distintas, eles provocam sensações no visitante, colocando em
xeque a visão como sentido primordial em uma exposição.
Também inédito é "Pets", de
Eduardo Srur, artista que vêm
ampliando o grau de suas intervenções públicas e alcança,
agora, sua obra de maior porte.
Com recursos publicitários, o
que poderia banalizar sua proposta, Srur aborda, nas margens do rio Tietê, a poluição e o
dejeto -temática que, contudo,
parece um tanto redundante
com as garrafas de plástico ao
mesmo tempo em que dá visibilidade a uma questão real.
No entanto, não são apenas
os novos trabalhos que merecem destaque. "Experiência de
Cinema", de Rosângela Rennó,
é um dos pontos altos da exposição. A projeção de fotografias
numa névoa fantasmagórica
que sempre se esvai evoca a não
realização do projeto moderno
brasileiro que o curador buscou
costurar nos trabalhos, assim
como a fluidez, outro tema da
mostra.
Tendo os dilemas do rio Tietê
como eixo, o curador, como
ocorre em todas as mostras
monotemáticas, correu o risco
de limitar as obras a um discurso unidirecional. Escaparam
dessa malha aquelas que, como
em "Experiência de Cinema",
alcançam maior grau de complexidade.
QUASE LÍQUIDO
Quando: de ter. a sex., das 10h às 21h;
sáb. e dom., das 10h às 19h; até 25/5
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149;
tel. 0/xx/11/2168-1776)
Quanto: entrada franca
Avaliação: bom
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