São Paulo, quinta-feira, 09 de abril de 2009

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CINEMA

Crítica/"Território Restrito"

Com mão pesada, diretor tenta criar mosaico sobre imigração

RICARDO CALIL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A vitória de "Crash - No Limite" (2004) no Oscar fez mal ao cinema americano. Ela consagrou um modelo com potencial desastroso: o filme de tese sobre tema específico, com forte viés moralista, e montado como um mosaico, em que personagens e situações se unem de forma muitas vezes artificial.
"Território Restrito"" adota essa fórmula para falar de imigração ilegal. Da mesma forma que nessas produções, pode-se sair do cinema com a impressão de ter visto uma palestra em que cada personagem representa um "case" simbólico sobre o tema geral.
Aqui temos o bem-intencionado agente federal Max Brogan (Harrison Ford) em crise por prender imigrantes ilegais como Mireya Sanchez (Alice Braga, em papel bem menor do que o noticiário brasileiro faria supor), o corrupto oficial de imigração (Ray Liotta) que força uma atriz australiana (Alice Eve) a fazer sexo em troca de um visto de permanência; uma jovem muçulmana (Summer Bishil) perseguida por escrever uma redação escolar relativizando o 11 de Setembro.
Como moral comum de todas essas histórias, temos uma velha dose de liberalismo hollywoodiano: de um lado, a crença de que não existe nada maior para um ser humano do que almejar se naturalizar americano; do outro, a tese de que o tratamento de imigrantes é marcado por arbitrariedades.
O problema é que existe algo ainda mais arbitrário do que o sistema denunciado: a forma como o filme une todos seus episódios. A mão do diretor Wayne Kramer para criar seu mosaico é tão pesada que, em comparação, Paul Haggis ("Crash") parece um relojoeiro.


TERRITÓRIO RESTRITO

Direção: Wayne Kramer
Produção: EUA, 2009
Com: Harrison Ford, Ray Liotta e Alice Braga
Quando: estreia hoje, nos cines Kinoplex Itaim 5, Metrô Santa Cruz 11 e circuito
Classificação: não informada
Avaliação: ruim



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