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CINEMA
Crítica/"Território Restrito"
Com mão pesada, diretor tenta criar mosaico sobre imigração
RICARDO CALIL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A vitória de "Crash - No
Limite" (2004) no Oscar fez mal ao cinema
americano. Ela consagrou um
modelo com potencial desastroso: o filme de tese sobre tema específico, com forte viés
moralista, e montado como um
mosaico, em que personagens e
situações se unem de forma
muitas vezes artificial.
"Território Restrito"" adota
essa fórmula para falar de imigração ilegal. Da mesma forma
que nessas produções, pode-se
sair do cinema com a impressão de ter visto uma palestra
em que cada personagem representa um "case" simbólico
sobre o tema geral.
Aqui temos o bem-intencionado agente federal Max Brogan (Harrison Ford) em crise
por prender imigrantes ilegais
como Mireya Sanchez (Alice
Braga, em papel bem menor do
que o noticiário brasileiro faria
supor), o corrupto oficial de
imigração (Ray Liotta) que força uma atriz australiana (Alice
Eve) a fazer sexo em troca de
um visto de permanência; uma
jovem muçulmana (Summer
Bishil) perseguida por escrever
uma redação escolar relativizando o 11 de Setembro.
Como moral comum de todas essas histórias, temos uma
velha dose de liberalismo hollywoodiano: de um lado, a crença
de que não existe nada maior
para um ser humano do que almejar se naturalizar americano; do outro, a tese de que o tratamento de imigrantes é marcado por arbitrariedades.
O problema é que existe algo
ainda mais arbitrário do que o
sistema denunciado: a forma
como o filme une todos seus
episódios. A mão do diretor
Wayne Kramer para criar seu
mosaico é tão pesada que, em
comparação, Paul Haggis
("Crash") parece um relojoeiro.
TERRITÓRIO RESTRITO
Direção: Wayne Kramer
Produção: EUA, 2009
Com: Harrison Ford, Ray Liotta e Alice
Braga
Quando: estreia hoje, nos cines Kinoplex Itaim 5, Metrô Santa Cruz 11 e
circuito
Classificação: não informada
Avaliação: ruim
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