São Paulo, quinta, 9 de abril de 1998

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Livro infantil condena censura

especial para a Folha

O lançamento no Brasil de "Os Versos Satânicos" coincide com a reedição de "Haroun e o Mar de Histórias", pequeno livro de Salman Rushdie que é um verdadeiro libelo pela liberdade de expressão. Nada mais natural que o mais famoso escritor perseguido de nossos dias ter lançado em 1990, nos primeiros anos de sua "clandestinidade", que perdura até hoje, um livro infantil no qual mostra os problemas da censura.
Haroun é o filho de um contador de histórias que um dia perde o dom da palavra. Para ajudar o pai, parte para um mundo fantástico no qual se desenrola uma batalha entre a palavra e a censura. Ao longo da história, diversas passagens vão demonstrando as vantagens da liberdade sobre a tirania. Censura e poluição, de um lado, e liberdade e renovação, de outro, consolidam-se como os dois pólos do texto.
Para além da liberdade de expressão, Rushdie apresenta outras questões importantes no mundo de hoje, como a banalidade do mal, ao descrever o líder das forças da trevas como um burocrata, num eco das considerações de Hannah Arendt em "Eichmann em Jerusalém". O autor aborda, ainda, numa linguagem fácil e metafórica, as relações entre arte e política e o papel da burocracia e seus excessos. (CG)


Livro: "Haroun e o Mar de Histórias" Autor: Salman Rushdie Lançamento: Companhia das Letras Preço: não definido (189 págs.)


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