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Livro infantil condena censura
especial para a Folha
O lançamento no Brasil de "Os
Versos Satânicos" coincide com a
reedição de "Haroun e o Mar de
Histórias", pequeno livro de Salman Rushdie que é um verdadeiro
libelo pela liberdade de expressão.
Nada mais natural que o mais famoso escritor perseguido de nossos dias ter lançado em 1990, nos
primeiros anos de sua "clandestinidade", que perdura até hoje, um
livro infantil no qual mostra os
problemas da censura.
Haroun é o filho de um contador
de histórias que um dia perde o
dom da palavra. Para ajudar o pai,
parte para um mundo fantástico
no qual se desenrola uma batalha
entre a palavra e a censura. Ao
longo da história, diversas passagens vão demonstrando as vantagens da liberdade sobre a tirania.
Censura e poluição, de um lado, e
liberdade e renovação, de outro,
consolidam-se como os dois pólos
do texto.
Para além da liberdade de expressão, Rushdie apresenta outras
questões importantes no mundo
de hoje, como a banalidade do
mal, ao descrever o líder das forças da trevas como um burocrata,
num eco das considerações de
Hannah Arendt em "Eichmann
em Jerusalém". O autor aborda,
ainda, numa linguagem fácil e metafórica, as relações entre arte e
política e o papel da burocracia e
seus excessos.
(CG)
Livro: "Haroun e o Mar de Histórias"
Autor: Salman Rushdie
Lançamento: Companhia das Letras
Preço: não definido (189 págs.)
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