São Paulo, quinta, 9 de abril de 1998

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Bonassi leva "Subúrbio" aos palcos da Alemanha

da Redação

Cerca de 1.200 pessoas compareceram ao Teatro Nacional em Hamburgo (Alemanha), na noite do último sábado, para acompanhar a estréia de "Subúrbio", espetáculo baseado em romance homônimo do escritor brasileiro Fernando Bonassi.
A montagem, que tem direção de Johann Kresnik e conta com 13 atores em cena, narra a história do relacionamento entre um casal de velhos na periferia de São Paulo.
"É um espetáculo de teatro coreográfico, em que as ligações entre as cenas são contadas por meio da dança", diz Bonassi, que chegou em Hamburgo em outubro do ano passado para adaptar "Subúrbio" para o teatro.
A apresentação de sábado dividiu a platéia. "A maior parte do público aplaudiu, por mais de dez minutos, mas algumas pessoas vaiaram, acharam o espetáculo muito violento, chocante", conta o escritor.
Segundo Bonassi, o diretor Kresnik, considerado "maldito" por parte da imprensa alemã por suas produções que abordam a violência, subiu ao palco para responder às pessoas que vaiavam a encenação de "Subúrbio". "Ele apontava para as pessoas e as vaiava também."
A peça foi destaque em importantes jornais alemães, como o "Die Welt" ("O Mundo"), que noticiou a estréia e a reação dividida da platéia.
Para Fernando Bonassi, o choque provocado na platéia está diretamente ligado com a realidade apresentada pela montagem do diretor Kresnik. "O que mais incomoda o povo alemão é ver que esse cenário de violência e miséria é cada vez mais parecido com a vida nas grandes cidades européias."
"Subúrbio" voltará a ser apresentada em Hamburgo no domingo e durante os próximos quatro meses fará parte do repertório da companhia do Teatro Nacional, dirigida por Johann Kresnik.
Nos próximos dias, Bonassi seguirá para Berlim, onde passará seis meses.
Durante esse período, o escritor, que publica a coluna "Da Rua" na Ilustrada, ficará na cidade para preparar dois novos livros. O primeiro será um romance, chamado "A Mãe", que fala sobre uma mulher que mata o próprio filho, viciado em drogas. O outro será uma coletânea de contos, intitulada "O Livro da Vida". (LCr)


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