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Pilobolus perde criatividade
ANA FRANCISCA PONZIO
em Salvador
Em prosseguimento à turnê
brasileira que começou quarta-feira no teatro Castro Alves,
de Salvador, o Pilobolus Dance
Theatre chega hoje ao Teatro
Municipal de São Paulo para
mostrar que já não é mais o
mesmo de 11 anos atrás.
Na época, esse grupo fundado em 1971 conseguia surpreender com arquiteturas
corporais, cuja dinâmica e
plasticidade traziam marcas
inovadoras.
Hoje, com novo elenco, o Pilobolus demonstra que perdeu
o experimentalismo do passado, quando seus atletas-bailarinos lançavam novos referenciais de apoio e equilíbrio por
meio de um jogo de parcerias
que estimulava os sentidos.
Nas coreografias recentes incluídas no programa da atual
temporada, o Pilobolus mostra
que boa parte de seu vocabulário se diluiu. Em alguns momentos, suas coreografias podem ser confundidas com
qualquer repertório menos expressivo da safra atual.
Em peças recentes, como
"Aeros", de 1995, nota-se que
está bem menos presente a interação corporal dos bailarinos, que caracterizava as coreografias do Pilobolus.
Se a eloquência coreográfica
diminuiu, ganhou força o teatro de imagens.
No programa da atual temporada, o ponto forte é "Day
Two", de 17 anos atrás. Ao
som de músicas de Brian Eno,
David Byrne e The Talking
Heads, enfoca o encontro de
uma tribo primitiva. Contudo,
mesmo a cena final, com bailarinos deslizando na água, já
não provoca entusiasmo.
Como expressão histórica da
dança moderna norte-americana, o Pilobolus atual sugere
que seus integrantes já não
possuem a vitalidade criativa
de seus antecessores.
Embora Robby Barnett, Alison Chase e Jonathan Wolken,
que fundaram o grupo, permaneçam na direção, o Pilobolus
depende de criações coletivas.
Nos três espetáculos que o Pilobolus Dance Theatre realizará em São Paulo, o programa
mantém as peças "Aeros",
"Walklyndon" (1971) e "Day
Two". Haverá alternâncias somente com relação a "Pyramid of the Moon" (1995), que
será apresentada hoje e domingo e que no sábado será substituída por "Duet".
Espetáculo: Pilobolus Dance Theatre
Onde: Teatro Municipal de São Paulo
(pça. Ramos de Azevedo, s/nš; tel.
011/222-8698)
Quando: hoje e amanhã, às 21h, e
domingo, às 17h
Quanto: R$ 10 e R$ 50
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