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São Paulo, sexta-feira, 09 de maio de 2003

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POLÍTICA CULTURAL

Desde 95, só a BR Distribuidora patrocinou dez de seus filmes

Críticos da Secom receberam R$ 7 mi

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Críticos da nova política de patrocínio cultural do governo Lula, os cineastas Cacá Diegues e Zelito Viana e a família Barreto receberam somente da estatal BR Distribuidora R$ 7 milhões para realizar dez filmes desde 1995. Dois dos projetos ainda estão em andamento, na fase de desembolso dos recursos.
O filme que teve o maior aporte foi "A Paixão de Jacobina" (2000), de Fábio Barreto, filho do produtor Luiz Carlos Barreto, um dos mais ferrenhos críticos do chamado "dirigismo cultural" da Secom (Secretaria de Comunicação de Governo), que teria imposto contrapartidas sociais aos patrocínios. A obra recebeu R$ 1,6 milhão.
Por projeto, a BR libera de R$ 100 mil a R$ 1,5 milhão. O valor varia de acordo com o tamanho e a sofisticação de cada produção.
Ao todo, a BR patrocinou a família Barreto em R$ 3,41 milhões. O primeiro filme beneficiado foi o "Quatrilho", de Fábio Barreto, de 1995, que recebeu R$ 60 mil. Desde então, cinco filmes da família tiveram apoio da distribuidora estatal.
Uma das produções -"O Caminho das Nuvens", da LC Barreto (de Barreto e sua mulher, Lucy), dirigida por Vicente Amorim- ainda está recebendo o R$ 1 milhão destinado à obra.
Também foram apoiados dois filmes de Bruno Barreto: "O que É Isso Companheiro" (1995), com R$ 150 mil, e "Bossa Nova", cujo patrocínio ficou em R$ 600 mil, em 2000.
Cacá Diegues, que lançou a polêmica do "dirigismo", teve três filmes apoiados pela estatal: "Tieta" (1996), "Orfeu" (1998) e "Deus É Brasileiro" (2001). Recebeu R$ 2,3 milhões no total. Só o último teve um aporte de R$ 1,5 milhão. Nos dois primeiros, os desembolsos foram de R$ 400 mil para cada projeto.
Zelito Viana, outro crítico da Secom, está produzindo "De Nonô a JK" com a ajuda da BR, que patrocinará a obra em R$ 1 milhão. Ele já havia recebido R$ 300 mil para realizar "Villa-Lobos, uma Vida de Paixão" (1997).
Em 2002, apenas em cinema, o foco da política de marketing cultural da BR, os patrocínios chegaram a R$ 37 milhões, incluindo apoio a festivais. No total, somaram R$ 56,1 milhões. Desse valor, R$ 40 milhões foram aplicados por meio de leis de incentivo, que permitem a dedução do Imposto de Renda. Nos outros R$ 16 milhões, o expediente não foi usado.
As três maiores estatais que atuam em patrocínio cultural -Petrobras, BR Distribuidora e Eletrobrás- reservaram em seus caixas R$ 111 milhões para investir neste ano.
Descontados os recursos da subsidiária BR, a Petrobras aplicou R$ 45 milhões em 2002. Gastará R$ 41 milhões neste ano -9% menos.
A BR deverá desembolsar cerca de R$ 50 milhões. A Eletrobrás vai patrocinar R$ 20 milhões em 2003, mesmo valor do ano passado.


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