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POLÍTICA CULTURAL
Desde 95, só a BR Distribuidora patrocinou dez de seus filmes
Críticos da Secom receberam R$ 7 mi
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Críticos da nova política de patrocínio cultural do governo Lula,
os cineastas Cacá Diegues e Zelito
Viana e a família Barreto receberam somente da estatal BR Distribuidora R$ 7 milhões para realizar dez filmes desde 1995. Dois
dos projetos ainda estão em andamento, na fase de desembolso dos
recursos.
O filme que teve o maior aporte
foi "A Paixão de Jacobina" (2000),
de Fábio Barreto, filho do produtor Luiz Carlos Barreto, um dos
mais ferrenhos críticos do chamado "dirigismo cultural" da Secom
(Secretaria de Comunicação de
Governo), que teria imposto contrapartidas sociais aos patrocínios. A obra recebeu R$ 1,6 milhão.
Por projeto, a BR libera de R$
100 mil a R$ 1,5 milhão. O valor
varia de acordo com o tamanho e
a sofisticação de cada produção.
Ao todo, a BR patrocinou a família Barreto em R$ 3,41 milhões.
O primeiro filme beneficiado foi o
"Quatrilho", de Fábio Barreto, de
1995, que recebeu R$ 60 mil. Desde então, cinco filmes da família
tiveram apoio da distribuidora estatal.
Uma das produções -"O Caminho das Nuvens", da LC Barreto (de Barreto e sua mulher, Lucy), dirigida por Vicente Amorim-
ainda está recebendo o R$ 1 milhão destinado à obra.
Também foram apoiados dois
filmes de Bruno Barreto: "O que
É Isso Companheiro" (1995), com
R$ 150 mil, e "Bossa Nova", cujo
patrocínio ficou em R$ 600 mil,
em 2000.
Cacá Diegues, que lançou a polêmica do "dirigismo", teve três
filmes apoiados pela estatal: "Tieta" (1996), "Orfeu" (1998) e "Deus É Brasileiro" (2001). Recebeu R$
2,3 milhões no total. Só o último
teve um aporte de R$ 1,5 milhão.
Nos dois primeiros, os desembolsos foram de R$ 400 mil para cada
projeto.
Zelito Viana, outro crítico da Secom, está produzindo "De Nonô a
JK" com a ajuda da BR, que patrocinará a obra em R$ 1 milhão. Ele
já havia recebido R$ 300 mil para
realizar "Villa-Lobos, uma Vida
de Paixão" (1997).
Em 2002, apenas em cinema, o
foco da política de marketing cultural da BR, os patrocínios chegaram a R$ 37 milhões, incluindo
apoio a festivais. No total, somaram R$ 56,1 milhões. Desse valor,
R$ 40 milhões foram aplicados
por meio de leis de incentivo, que
permitem a dedução do Imposto
de Renda. Nos outros R$ 16 milhões, o expediente não foi usado.
As três maiores estatais que
atuam em patrocínio cultural
-Petrobras, BR Distribuidora e
Eletrobrás- reservaram em seus
caixas R$ 111 milhões para investir neste ano.
Descontados os recursos da
subsidiária BR, a Petrobras aplicou R$ 45 milhões em 2002. Gastará R$ 41 milhões neste ano
-9% menos.
A BR deverá desembolsar cerca
de R$ 50 milhões. A Eletrobrás vai
patrocinar R$ 20 milhões em
2003, mesmo valor do ano passado.
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