São Paulo, segunda-feira, 09 de maio de 2011

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Recife desloca eixo criativo para Nordeste

Exposição na capital pernambucana leva medalhões do mercado à cidade que desponta no circuito nacional

Jovens artistas, como Aslan Cabral, Kilian Glasner e Bruno Vilela se definem como solares e selvagens

Bernardo Dantas/Folhapress
Bruno Vilela, Cristiano Lenhardt, Jeims Duarte, Aslan Cabral, Ricardo Brazileiro, Kilian Glasner e Violeta Cenzi

SILAS MARTÍ
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE

Solares e selvagens. Essas são as palavras que uma nova leva de artistas de Recife mais usam para definir a natureza do que fazem e suas vidas na cidade que vem roubando os holofotes do saturado eixo Rio-São Paulo.
Talvez porque mesmo na época das chuvas fortes, o calor não dá um minuto de trégua. "Isso dilata, não deprime os corpos", diz o artista Aslan Cabral à Folha. "A gente tem certa selvageria."
Ele é um dos nomes mais novos a engrossar uma leva de artistas de pegada um tanto visceral que despontou em Recife. Antes dele, Rodrigo Braga, hoje no Rio, já fazia performances sugerindo uma comunhão viril com aspectos da flora e fauna locais. Quer dizer, já costurou partes de um cachorro à própria cara, afundou em pântanos lamacentos com bodes e se cobriu de plantas e terra.
Nesse time, estão também artistas de fora que construíram seus trabalhos na capital pernambucana, como o alagoano Jonathas de Andrade, revelação que esteve na Bienal de São Paulo e foi um dos vencedores do último prêmio Marcantonio Vilaça, o gaúcho Cristiano Lenhardt e a artista paulista Violeta Cenzi.
Kilian Glasner, artista de Recife, não sente falta do movimento das metrópoles e diz que é possível montar o ateliê à beira da praia. Mas já viu que céu e mar, jangadas ao vento e outras paragens tropicais também estão ameaçados pela forte especulação imobiliária e o boom econômico que atinge a região.
"Isso que acontece aqui agora aconteceu em São Paulo há 30 anos", diz Glasner.
"A gente vive um momento de grande transformação."
É um ponto contraditório na evolução da cidade, já que Recife virou ao mesmo tempo um centro regional, que atrai artistas de fora, e gira em torno do mercado concentrado no Sudeste. "É receber pessoas do entorno e orbitar centros maiores", diz o artista Jeims Duarte. "Essa ambivalência nos domina."
Domina e acelera ao mesmo tempo. Lenhardt, por exemplo, diz que é por causa do mercado de arte emergente na cidade que artistas ali têm mais liberdade, sem sofrer a pressão das grandes e mais poderosas galerias.

BRASILIDADE
Essa mesma pujança está agora em Recife numa grande mostra do Santander Cultural. Arrebanhadas por seus rastros de brasilidade, estão lá obras dos artistas mais caros no mercado de arte atual.
Adriana Varejão, Cildo Meireles, Beatriz Milhazes e Ernesto Neto são algumas grifes de um elenco estelar.
Juntos, são artistas que desembarcam ali com o aval dos leilões e a fúria das feiras.
No vernissage, estavam todos esses jovens artistas recifenses, esperando a hora de entrar para a constelação.
O jornalista SILAS MARTÍ viajou a convite do Santander Cultural.

VESTÍGIOS DE BRASILIDADE
QUANDO de ter. a dom., das 13h às 20h; até 31/7
ONDE Santander Cultural (av. Rio Branco, 23, Recife, tel. 0/xx/81/ 3224-1110)
QUANTO grátis



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