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Marco Nanini e Marieta Severo se reencontram depois de 26 anos
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando atuaram juntos pela
primeira e última vez em "As Desgraças de uma Criança", em 1974,
Marco Nanini e Marieta Severo
não imaginavam que a comédia
de costumes de Martins Pena iria
delinear, de alguma forma, seus
perfis de comediantes.
"Eu gosto da dimensão que o
humor dá às coisas da vida", afirma Marieta, 53. Ela reencontra
Nanini, 52, em "Quem Tem Medo
de Virginia Woolf?", de Edward
Albee.
Ambos vêm de peças encomendadas a João Falcão (Nanini com
"Uma Noite na Lua" e Marieta
com "A Dona da História"). É o
segundo Albee de Nanini, que
atuou em "Zoo Story" no final dos
70. Marieta debuta.
Para encarar o papel do casal
George e Martha, guardam na
memória a montagem que assistiram em 1966, protagonizada por
Cacilda Becker e Walmor Chagas
(havia ainda Lilian Lemmertz e
Fúlvio Stefanini).
"Claro, não queremos repetir o
que outras montagens fizeram.
Elas foram perfeitas. E não me esqueço do impacto provocado pelos diálogos", diz Nanini.
Seu George "não é um homem
vitorioso, não tem ferramentas
para o sucesso". Daí o desdém.
Marieta não se surpreende com
a atualidade e a universalidade do
texto. "Vivemos numa sociedade
que pede cada vez mais vencedores, status, dinheiro."
Segundo a atriz, Martha vive em
função da expectativa dos outros,
daí sua frustração diante da queda
das ilusões: o marido é um professor medíocre, não galga posições.
"Toda a amargura, toda a sensação de fracasso na vida dela decorre das exigências sociais. Não
enxerga nem a sensibilidade do
seu marido", explica.
O jovem casal da história, envolvido no enredo capcioso dos anfitriões, é Nick e Honey -ou Fábio
Assunção e Sílvia Buarque.
Filha de Marieta e Chico Buarque, a atriz se identifica com trabalhos experimentais, como
"Shopping and Fucking", que interpretou no ano passado.
"Num primeiro momento, a
Honey parece a mais desarmada
para encarar um jogo tão cruel,
mas ela usa sua fragilidade para
manipular o marido e também
expor sua neurose", diz Sílvia, 31.
Fábio Assunção, 28, que volta
ao palco depois de "Oeste", de
Sam Sheppard, montada há quatro anos, define Nick como um
negativo de George no passado.
"O jovem professor de biologia
sai daquela noite se conhecendo
um pouco mais e descobre o
quanto se move na vida apenas
por interesse", define.
(VS)
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