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MÚSICA ERUDITA
Cantor paulistano morreu na Itália em 97
Gravação de "Il Guarany" resgata voz do tenor brasileiro João Gibin
IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O Verdi Ópera Clube está ajudando a resgatar a memória de
um dos mais importantes tenores
brasileiros do século. A casa está
lançando uma gravação ao vivo
da ópera "Il Guarany", de Carlos
Gomes, trazendo João Gibin no
papel de Pery.
Nascido no bairro paulistano
do Brás, em 1929, e falecido na cidade italiana de Verona, em 1997,
Gibin começou como barítono.
Aos 22, ganhou uma bolsa de estudos para Milão ao vencer um
concurso promovido pela Metro-Goldwin-Mayer para o lançamento sul-americano do filme "O
Grande Caruso", com Mario Lanza, e, na Itália, acabou mudando
para o registro vocal de "tenore di
forza" (tenor dramático).
Conclusão: até a aposentadoria,
em 1977, acabou desenvolvendo
sua carreira no exterior, em teatros do porte da Staatsoper (Viena), Covent Garden (Londres),
Scala (Milão), Metropolitan (Nova York) e Ópera de Paris.
Das 49 óperas de seu repertório,
gravou, em estúdio, "La Fanciulla
Del West", de Puccini, pela EMI,
sob regência de Lovro von Matacic, ao lado da legendária soprano
sueca Birgit Nilsson.
É possível achar no mercado
gravações ao vivo de trechos de
uma "Battaglia di Legano", de
Verdi, com a soprano turca Leyla
Gencer (selo Myto) e, na íntegra,
de uma histórica e plenamente
convincente "Lucia di Lammermoor", de Donizetti, no Covent
Garden, ao lado de Joan Sutherland, e com regência de Tullio Serafin (selo Melodram).
No Brasil, graças à distância, ficou meio esquecido. Suas únicas
apresentações por aqui ocorreram em 1964, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, cantando
"La Fanciulla Del West" e "Il Guarany". E é justamente o registro
deste "Guarany" de 64 que o Verdi Ópera Clube está editando.
Em termos vocais, talvez esta
seja a melhor gravação da ópera.
Não apenas por causa do vigor de
Gibin, mas também pelo brilho
dos outros cantores, alguns dos
maiores astros líricos do período.
Difícil imaginar, por exemplo,
Gonzalez melhor que o do barítono italiano Pietro Cappuccilli, estrela que chegou a gravar pela
Deutsche Grammophon. Gianna
D'Angelo (Ceci) e Maximiliano
Malaspina (Cacique) defendem
seus papéis com dignidade, enquanto o Don Antonio de Nicola
Zaccaria (parceiro de Maria Callas em várias gravações) confere
grandeza inaudita à "Ave Maria"
do primeiro ato da ópera.
Para complementar, a direção
musical é de um dos mais destacados regentes de ópera do período, Francesco Molinari-Pradelli.
Por causa dele, vale a pena ouvir a
Orquestra do Teatro Municipal
do Rio de Janeiro tocando a tão
batida abertura da ópera.
Il Guarany
Lançamento: Ópera Viva
Quanto: R$ 30 (o CD duplo)
Onde encontrar: Verdi Ópera Clube (al.
Santos, 705, cj. 74, tels. 0/xx/11/289-6429 e 0/xx/11/3887-8686, e-mail:
racil@bol.com.br)
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