São Paulo, quinta-feira, 09 de junho de 2005 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TEATRO Dirigido por Eugenio Barba, grupo da Dinamarca adapta texto do escritor italiano e leva peça a Londrina, Curitiba e Brasília Odin encena uma das "cartas" de Tabucchi
VALMIR SANTOS O LIVRO - O texto de Tabucchi serviu como ponto de partida. Há o pressuposto de uma grande obra, claro, mas a encenação também diz por si mesma. A música é constante, há imagens criadas pela relação com objetos, com a luz, com o canto. Isso faz com que o espetáculo seja compreendido, independentemente da língua. Na Escandinávia, por exemplo, foi um êxito, e, lá, as pessoas não falam italiano. De qualquer maneira, o público brasileiro vai receber o texto da peça traduzido e um artigo de Tabucchi. HUMANIDADE - O espetáculo não
tem uma perspectiva feminista,
mas existencial. Fala de um ser
humano que busca outro ser humano. GESTAÇÃO - O processo de criação foi longo. Eu e o Jan trabalhamos sobre ele desde 1996. Ele
criou músicas por meio de instrumentos que nunca tocou; eu encontrava movimentos para essas
músicas, além de objetos que teriam a ver com o tema viagem.
Com o tempo, foram superpostos
música, texto, objetos, cenas e,
lentamente, a luz. Foram cinco
anos de uma pesquisa prazerosa,
em paralelo a turnês de outros espetáculos do Odin. Depois, Eugenio assistiu ao resultado e concluiu que, a partir dali, poderíamos chegar a um espetáculo. Sugeriu o livro de Tabucchi, recém-lançado. Por cinco meses, Eugenio fez o trabalho de combinação
entre os materiais que eu e o Jean
havíamos produzido. Muita coisa
mudou, mas muita coisa ficou
também. ESMERO - No mais recente espetáculo do Odin, "Sonho de Andersen" [baseado na obra do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, 1805-1875], que
estreou em outubro de 2004, Eugenio pediu aos atores que demonstrassem, um ano depois, o
resultado de suas pesquisas, improvisações. Cada um tinha que
apresentar um solo de uma hora,
com música e tudo o que tivesse
direito, e ainda elaborar uma direção que envolvesse os demais atores. Ao cabo, Eugenio tinha 13 horas e meia de material. Só a partir
daí ele começou a ensaiar. PRAZER DO PENSAR - Uma das filosofias do Odin é perseverar na
realização dos seus sonhos, dobrar o espírito do tempo. Isso significa não fazer espetáculos somente por prazer, mas por prazer
que estimule o pensar. EXTRAPALCO - O trabalho do
Odin não se restringe à sala de espetáculos. Dez anos depois de seu
surgimento, a companhia começou a trabalhar em ruas, praças.
Não era mais o espectador que
buscava o ator, mas o ator que
buscava o espectador em seu bairro. Nunca optamos por um entretenimento gratuito, mas sempre
por aquele que estimule em níveis
político, social. Não somos um
teatro de partido, mas um teatro
muito político, no sentido da pólis, que interfere na cidade com a
sua ética. Salt, no Festival Internacional de Londrina Quando: de hoje a sáb., às 21h Onde: Casa de Cultura (r. Mato Grosso, 537, tel. 0/xx/43/ 3324 9202; www.filo.art.br) Quanto: R$ 10 Mostra em Língua Espanhola, em Curitiba Quando: dias 13 e 14/6, às 21h Onde: Guairinha (r. 15 de Novembro, s/ nš, tel. 0/xx/41/3315-0979; www.pr.gov.br/guaira) Quanto: R$ 6 a R$ 10 Mostra Internacional de Teatro, em Brasília Quando: 21 e 22/6, às 21h Onde: CCBB Brasília (tel. 0/xx/61/310-7087, www.bb.com.br/cultura) Quanto: R$ 15 Texto Anterior: Exposição: Richard Serra redesenha espaço do Guggenheim Próximo Texto: Latão leva Machado e Müller ao CCSP Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |