Segundo diretor, montagem reequilibra música de Kurt Weill e texto de Brecht

Versão integral será cantada em alemão, com legendas em português; estreada em 1928, já foi representada 10 mil vezes em 18 idiomas

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A "Ópera dos Três Vinténs" não é só o felicíssimo encontro da música de Kurt Weill (1900-1950) com o teatro de Bertolt Brecht (1898-1956). É também o único estrondoso sucesso comercial do dramaturgo alemão. Desde sua estréia, em 1928, já foi representada 10 mil vezes em 18 idiomas e recebeu quatro versões para o cinema. Essa mistura debochada de jazz e cabaré berlinense dos anos 20 estréia hoje em três apresentações no teatro São Pedro. Numa alusão ao título, o ingresso custará hoje apenas R$ 3.
A direção cênica é de Katiana Rangel, e a cenografia, a direção-geral e a regência, de Paulo Maron. A versão, integral, com o Núcleo Universitário de Ópera e a Orquestra Filarmonia, será cantada em alemão, com legendas em português.
Em sua versão original, ela era acompanhada por dez instrumentos de sopro. Terá agora 50, também com cordas e percussão, numa opção que o maestro Maron acredita sublinhar o lado musical. Brecht e Weill "a apresentavam em teatros pequenos, sem fosso de orquestra; os instrumentistas eram instalados no palco", diz.
O maestro também acredita que a atual montagem permite o reequilíbrio entre a música de Weill e o texto de Brecht. Durante o modismo brechtiano nos anos 60, o elenco era em geral formado por excelentes atores que não eram bons cantores. Para os padrões da época, isso tinha pouca importância, porque era preciso enfatizar o texto e seu engajamento político radical.
Em sua primeira versão, "Três Vinténs" se passa em Londres, na época da coroação da rainha Vitória. No teatro São Pedro ela se passará nos anos 20 do século passado.