São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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RUÍDO

Espanha vive febre de Carlinhos Brown

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Após reunir 400 mil pessoas no Fórum Barcelona 2004, em torno de um trio elétrico chamado Camarote Andante, o baiano Carlinhos Brown, 39, anda galgando paradas européias.
A "Carnavalona" (como ele apelidou a micareta em que cantou e tocou Tom Jobim, Jorge Ben Jor, Perez Prado e Dizzy Gillespie) ajudou seu álbum "Carlito Marron" a conquistar disco de ouro (50 mil cópias) na Espanha. "Maria Caipirinha", dele com DJ Dero, russo que vive na Argentina, é hit atual de ponta nas pistas eletrônicas de Ibiza.
"Maria Caipirinha" integra seu novo CD, "Carlinhos Brown & DJ Dero Present Candeal Beat", que deve sair no Brasil pela Universal, só no fim do ano.
"Estava louco para fazer umas fusões eletrônicas. "Candeal Beat" é eletrônica artesanal, tecnobatucada", define Brown, da Bahia, para onde voltou entre uma e outra excursão européia. "Viajo pela Europa em ônibus com cama, adoro. O Brasil tinha que reaprender a fazer show sem precisar de avião, baratearia custos, ingressos."
Ele espera mostrar em setembro a seu bairro natal, Candeal, o produto de outra conexão Bahia-Espanha: o filme "El Milagro del Candeal", do cineasta Fernando Trueba ("Sedução").
"O filme é um desses momentos da vida em que tudo fica claro. Não vou parecer mais um personagem perdido, fantasiado de Carnaval. Não abro mão de minha responsabilidade com o Candeal, não desisto do meu país. Quero me preparar para o Brasil, ser compreendido aqui", sonha o nômade pós-moderno.

LEI DO JABÁ AVANÇA
Após mais de um ano, o deputado Walter Pinheiro (PT-BA) entregou à Comissão de Ciência e Tecnologia relatório favorável ao projeto de lei que criminaliza o jabá (execução de música mediante pagamento). Em agosto deve acontecer audiência pública na comissão, para esclarecer os parlamentares sobre o projeto, que poderá então ir a votação.

EMI POPULAR
O novo presidente da EMI, Marcos Maynard, não confirma que Miguel Plopschi, mago pasteurizador do pop dos anos 80, seria o novo diretor artístico da casa. "Boatos são boatos", esquiva-se. Sobre indicações de que a ultimamente sofisticada EMI daria guinada rumo à música mais popular/comercial, diz: "Uma gravadora, em qualquer parte do mundo, deve ter todos os gêneros musicais do país em que está situada".

LUXO E LIXO
A BMG alemã prepara balão de ensaio antipirataria: lançará os mesmos CDs em duas versões distintas, uma "luxuosa" e outra "barata". Os preços respectivos serão de 17,99 e 9,99.

O NÃO-LANÇAMENTO

Nascido em Lisboa e radicado em São Paulo desde menino, Abílio Manoel conheceu o sucesso na virada dos anos 60-70, vencendo festivais universitários e tocando no Brasil, no Chile, no México. Ficou célebre o embrião de samba-rock "Pena Verde", carro-chefe deste disco que a Odeon (hoje EMI) editou em 70. Meio Jorge Ben, meio Chico Buarque, apoiou-se primeiro nos sambas suingados "Pena Verde" e "Luíza Manequim" (72), depois num projeto utópico de música pan-americana, de "América Morena" (76). O projeto fez água, o nômade sumiu do mapa geográfico-musical. Mas "Pena Verde" e "Luíza Manequim" tocam até hoje nos bailões do Brasil periférico.

@: psanches@folhasp.com.br



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