São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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DVD/LANÇAMENTO

Dirigido por Joshua Logan, drama de 1957 com poucas pretensões carrega estilo do ator americano

"Sayonara" se aproveita da precisão de Brando

NAIEF HADDAD
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

A julgar pelo bom senso marqueteiro dos donos de locadora, na próxima vez em que você for a uma delas deve se deparar com o recém-lançado DVD de "Sayonara", filme de 1957 dirigido por Joshua Logan. Na capa, Marlon Brando -morto na semana passada- aparece abraçado a Miiko Taka, protegido por seu uniforme da Aeronáutica norte-americana.
Primeiro aviso: "Sayonara" é um filme razoável, mas não procure aqui o sexo e a fúria de produções protagonizadas por Brando no início de carreira -"O Selvagem", "Uma Rua Chamada Pecado", "Sindicato de Ladrões". Nem busque contemplar as dores fundas da incerteza e da solidão da fase pós-anos 70 -"O Poderoso Chefão", "O Último Tango em Paris" e, acima de todos, "Apocalypse Now".
Segundo aviso: apesar do drama de poucas pretensões, quase acadêmico, a interpretação de Brando é sempre precisa, invariavelmente um degrau acima daquilo que o roteiro oferece.
Ele compõe de início um sujeito conservador, obediente aos princípios das Forças Armadas ianques. Durante a Guerra da Coréia, é incumbido de uma missão no Japão, em um período ainda marcado por relações estremecidas desse país com os EUA. Os militares eram proibidos de se envolver com a comunidade local, o que resulta no nó -o condecorado major cede ao sorriso maroto de uma dançarina (Taka). E de uma persona a outra, não há solavancos, truques rasteiros -a transição se esboça no canto da boca, no movimento das sobrancelhas, nos gestos miúdos.
Pena que os extras não vão além de um trailer simpático. Nada de entrevistas. Quando mais precisamos ouvir Marlon Brando, o silêncio se faz.


Sayonara
   
Direção: Joshua Logan
Produção: EUA, 1957
Com: Marlon Brando, Patricia Owens,
James Garner e Miiko Taka
Lançamento: Fox




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