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Brasileiros conquistam fama na TV trash gringa
Atrações incluem cirurgião plástico e modelo da Playboy TV em "reality shows"
Canais brasileiros também exibem programas, como
o do economista paulistano premiado em concurso de namoro nos Estados Unidos
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
No meio da década de 80,
pouco depois de chamar a atenção no oscarizado "O Beijo da
Mulher-Aranha", Sonia Braga
emplacou uma participação na
sitcom "The Cosby Show" (à
época, um dos programas mais
assistidos da TV americana) e
-ao lado de Raul Julia, Andy
Garcia e outros- reabriu o caminho dos latinos na "panelinha" do showbiz norte-americano. Vinte anos depois, em
temporada brasileira, ela grava
a novela das oito que estréia
amanhã, "Páginas da Vida".
A TV norte-americana, porém, continua a ter seus representantes brasileiros; os programas, no entanto, são outros,
agora de gosto, digamos, questionável. Seguem o modelo
"reality show", sem medo de
flertar com o trash. E acredite:
são ou serão exibidos por aqui.
A começar pela atração comandada pelo cirurgião plástico Robert Rey, paulistano da
Lapa, radicado em Los Angeles
há 32 anos. Ele estrela o "one-man show" "Dr. 90210", sucesso do canal E! que cola cenas de
sua rotina profissional (e a previsível galeria de lábios leporinos e lipoesculturas) a "flagrantes" da vida doméstica. A
agenda off-próteses de silicone
inclui gravações para a versão
local do "TV Fama" como dublê
de repórter especializado em
estética.
Sotaque carregado e tom
exultante, ele contou por telefone à Folha que a idéia era fazer de "Dr. 90210" um contraponto ao perfil apresentado na
série dramática "Nip/Tuck",
protagonizada por dois cirurgiões com relações afetivas
quase tão frágeis quanto a auto-estima de seus pacientes.
"Estava ofendido com o programa, que mostra doutores
como playboys sem ética que
tomam drogas."
Usando a si mesmo como
exemplo, ele detalha a premissa "didática" da atração. "Vivemos num mundo que não é
real. Meus filhos vão à escola
com os do [apresentador da
CNN] Larry King, da Jodie
Foster. Faço clínica em rainhas
e mulheres de presidentes. A
vida é fantástica, mas quando
chego em casa, meu cachorro
faz cocô no chão da sala e minha mulher grita comigo. Queria mostrar que sou normal."
E ambicioso: "Para vencer
aqui, você tem que ter a casa de
US$ 5 milhões, tem que criar a
impressão de sucesso. O jogo
aqui é de aparência!" Já o medo
é bem palpável. "Durmo com
um [revólver] 9mm debaixo do
travesseiro. Los Angeles é uma
das cidades mais violentas do
mundo." Planos de regressar
para o Brasil? "Teria que refazer a residência [para poder
exercer a profissão]. Mas voltarei aos 60 anos como missionário cirúrgico."
Se cumprir a promessa, terá
repetido um gesto que foi decisivo para ele, há três décadas.
"Fui salvo por um grupo de
missionários mórmons de
Utah. Estava roubando as lojas
da Lapa. Hoje, metade dos moleques que andavam comigo
morreram ou estão na cadeia."
Mas a bem-aventurança não
tardaria: "Acabei em Harvard".
E o que a providência divina
não trouxe, Rey se encarrega
de ajustar por intermédio do
programa. "Meu pai desapareceu. Pensava que ele tinha
morrido. Outro dia, me ligou
pedindo dinheiro. Como parte
do "Doctor", vou visitá-lo em setembro e perdoar o cara. Essa é
a beleza do programa: mostrar
que a vida não é perfeita."
Nota-se que Rey está bem à
vontade no gênero "reality
show", assim como esteve recentemente outro brasileiro,
Ian McKee, 31, filho de pai norte-americano e mãe sueca. O
economista paulistano venceu
a segunda edição do reality
"The Bachelorette", no início
de 2004, nos EUA. Dentre 25
candidatos, ele foi escolhido
pela maquiadora Meredith
Phillips para ser seu par. O paradeiro do rapaz é desconhecido, mas o romance azedou um
ano depois do enlace, segundo
sites americanos.
Embaixadora sexy
Quem ainda não chegou aos
EUA, mas representa o país na
América Latina e na Península
Ibérica é a modelo Mirella Vieira, 28. No reality show "Hot
Tour", da Playboy TV, ela se esmera em caras e bocas durante
gincanas que incluem strip-teases em cassinos de Punta del
Este. Tudo para desbancar outras três concorrentes sul-americanas e ser escolhida a garota
mais sexy do pedaço.
A Miss Playboy TV Brasil esclarece que se trata de uma
atração, na medida do possível,
bem-comportada. "Não é um
nu ginecológico. É mais "light",
tem muito glamour. É pornô,
mas com um conceito diferente." E a singularidade seria...?
"O bom do programa é que tem
muita cena natural, sem texto."
Com ou sem falas, o fato é
que Vieira não pensa em ser
atriz. "Queria ser apresentadora. O que tem a minha cara é um
SporTV ou algo como o que a
Penélope [que comanda uma
atração de perguntas e respostas sobre sexo] faz na MTV."
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