São Paulo, Sexta-feira, 09 de Julho de 1999
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CINEMA "RUGRATS"
Bebês da TV viram astros da tela grande

especial para a Folha, em Los Angeles

O mundo da animação não é mais o mesmo. Depois de décadas de soberania Disney, "Rugrats", desenho do estúdio Klasky Csupo criado em 82 e transmitido pela Nickelodeon desde 1991, parece ter revolucionado o território de Mickey Mouse, transformando seus pequenos personagens nos bebês mais famosos do planeta.
Nos EUA, os Rugrats -no Brasil chamados Os Anjinhos- são os líderes de audiência da televisão infantil, com 23 milhões de telespectadores assistindo ao programa a cada semana.
Até o começo desta década, quem imaginaria que os pequeninos Tommy, Angélica, Phil, Lil e Chuckie fossem ganhar mais popularidade entre as crianças americanas do que Mickey?
Por causa dela, os bebês viraram artistas de cinema. O lançamento de "Rugrats - O Filme - Os Anjinhos", que chega hoje ao Brasil, só serviu para confirmar o carisma dos personagens.
O longa-metragem de 80 minutos de duração transformou-se, no fim-de-semana de estréia, no número um em bilheteria, com a arrecadação de US$ 27 milhões. Venceu seu mais forte concorrente, "Inimigo do Estado", protagonizado por Will Smith.
Foi o primeiro desenho não produzido pela Disney a ultrapassar os US$ 100 milhões -somente "O Príncipe do Egito" alcançaria tal feito.
Ao dar maior atenção ao argumento, os criadores do filme buscam atrair não somente o público infantil como também os pais dos fãs dos Rugrats e até adultos que nunca assistiram ao programa.
"Sabíamos como era chato para os pais assistirem a desenhos animados feitos só para crianças", disse à Folha Arlene Klasky, produtora e criadora de "Rugrats".
No longa-metragem, a turma dos Rugrats aumenta com a chegada de Dylan, irmãozinho do personagem principal, o corajoso Tommy. Arlene Klasky disse que se inspirou em seu próprio filho para criar o novo personagem.
"Passei vários meses em casa cuidando de meu filho recém-nascido e observando seus movimentos e reações. Foi quando surgiu a idéia de fazer um filme cuja história partiria do ponto de vista de um bebê. Pensei em como seria se os bebês pudessem falar e dizer o que sentem."
Se para criar Dil Arlene baseou-se em seu próprio filho, o mesmo não ocorreu com Christine Cavanaugh, que faz a voz do medroso Chuckie. "No meu caso, Arlene foi quem me inspirou. Durante os testes, me foram dados alguns desenhos dos personagens e a partir dali criei a voz de Chuckie meio fanhosa, como se ele sofresse de sinusite", recordou a atriz, que também fez a voz do porquinho Babe.
Christine afirmou que sua voz é reconhecida pelas crianças nas ruas. "Uma vez estava numa loja de brinquedos quando um garotinho passou dizendo: "Eu sei muito bem quem você é", e seguiu caminho sorrindo", lembrou.
A originalidade tanto do seriado quanto do filme se observa nos traços dos personagens, que diferem dos estereótipos das produções Disney, estando mais próximos dos Simpsons, outro sucesso da Klasky Csupo.
A trilha sonora do filme -também um sucesso, vendendo US$ 1 milhão de cópias nos EUA- foge do estilo musical Broadway da Disney, trazendo músicas contemporâneas interpretadas por Laurie Anderson, Lisa Loeb, Devo, entre outros (leia abaixo).
Para o sócio de Arlene, Garbor Csupo, outros estúdios vêm fracassando na animação por tentarem se aproximar da Disney.
"Vários estúdios vêm tentando fazer animação por muito tempo, mas fracassam por tentarem imitar a Disney. Originalidade é fundamental para se impor nesse mercado. Acho que aí se explica o sucesso e a popularidade conseguidos por nossos personagens. Não estamos querendo derrubar a Disney com esse filme, buscamos trazer algo novo para crianças e adultos", completou.
(CLAUDIO CASTILHO)


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