MARCELO NEGROMONTE
da Redação

A trilha sonora dos "Rugrats" é uma das melhores deste ano, não só porque cumpre o seu papel de trilha de um filme, com músicas cujo significado faz sentido no longa e trazem temática coerente com o roteiro -algo raro hoje-, mas -e principalmente- porque as músicas são deliciosas.
O desenho é para e sobre crianças, mas adultos lhe assistem às pencas. "Rugrats - Os Anjinhos", o disco, é comandado por Mark Mothersbaugh, vocalista da banda new wave Devo, hoje um dos clássicos dos anos 80. Também são dele as canções dos desenhos exibidos na TV. Não à toa o álbum é cercado por new wave por todos os lados, mais graciosa que nunca, um infanto-pós-punk.
E o Devo é reunido para rever a quase folclórica e onomatopaica canção infantil "Witch Doctor".
A novidade do filme é o nascimento de Dylan Pickles, irmão do corajoso e líder dos pestinhas, Tommy, 1, que é amigo de Chuckie, 2, o hesitante.
"This Is Something New to Me", música que aparece na tela quando Dyl está na maternidade, é um "We Are the World" divertidíssimo, com participações de Beck, a musa Patti Smith, Iggy Pop, Jakob Dylan, o trio abilolado B-52's, o hippie quase chique Lenny Kravitz, a alternativíssima Lisa Loeb, que cantam frases como se fossem bebês -com vozes adultas.
"One Way or Another" é título perfeito para a tirânica -e ótima- Angélica, 3, que canta (ou melhor, sua voz, Charyl Chase) "de um jeito ou de outro, eu vou pegá-los" e faz loas às suas conquistas e a Cynthia, sua inseparável boneca. Rock'n'roll com guitarras à frente, new wave debochado à Adam & The Ants.
O rapper Busta Rhymes, que assusta qualquer um com cerca de 5 anos, faz a voz do carro Reptar Wagon e canta em "On Your Marks, Get Set, Ready, Go", moderna, em que ele não fala baixarias, mas continua grunhindo.
A parceria entre Angélica e a sua não tão amiga Susie (suas vozes, claro) é ímpar. A folk "A Baby Is a Gift from a Bob" mostra as discordâncias de cada uma na definição do que é um bebê.
O rapper Rakim se une ao produtor Danny Saber e envenena os pimpolhos com "Take the Train", e No Doubt nem parece o chato usual com Elvis Costello em "I Throw My Toys Around".
A trilha deixa claro que isso, sim, é uma infância perdida.

Avaliação: