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São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2003

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TRECHO

"A Aranha"
"Não importa a idade, a aranha
em algum momento
se cansa e não quer mais
atear suas lentas cordas no espaço
infinito. O mundo lhe parece
veloz e estranho, e raramente ela deseja
ser veloz. Está liquidada, e segue em linha
reta, sem olhar para os lados,
porque os movimentos circulares a entontecem;
além de duvidar da suposta liberdade
que a loucura de caminhar em labirintos elásticos
pudesse lhe dar: crê que o louco sabe que é louco.
Enfim, ela quer um ritmo justo.
Eufórica, esse ritmo (que ela apenas intui)
se transforma, e de olhos fechados, escura e fosca,
ela sonha ser -mas isso seria a alegria!-
uma enguia num mar branco,
um límpido escaravelho."
de "O Sobrevivente", de Corsaletti


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