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FILMES
Retrato de Satã jovem
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Madame Satã não é um
personagem que possa se
queixar da própria sorte (da
cinematográfica, em todo
caso). Sua maturidade foi
representada com vigor nos
anos 70 em "Rainha Diaba", de Antônio Carlos
Fontoura. Sua juventude
reapareceu em "Madame
Satã" (Cinemax, 20h), de
Karin Ainouz, também um
bom filme.
Em "Rainha Diaba", Milton Gonçalves interpretou-o com fúria. Em "Madame
Satã", Lázaro Ramos o faz
com fria racionalidade. Como quase todos os filmes
brasileiros atuais, este também se deixa seduzir pela
beleza (ninguém mais acredita em Borges, quando escreve que "neste mundo a
beleza é uma coisa vulgar"?)
Mas há uma força que
vem do personagem, do
ator, da Lapa, que de certa
forma supera esse problema de auto-afirmação.
TV PAGA
Os Barreto e seu casamento com o cinema
DA REPORTAGEM LOCAL
É a história da vida privada de
Lucy e Luiz Carlos Barreto que se
confunde com a história do cinema brasileiro ou vice-versa? Nas
últimas décadas, a fama de coronelato do casal de produtores no
cinema nacional chegou a ser
grande o bastante para tal dúvida.
"Companhia Ilimitada" (amanhã, GNT) volta a entrelaçar os
Barreto e a produção de cinema
nacional em depoimentos do casal (tomados separadamente) sobre seus 50 anos de casamento.
Mas, se o programa pode ser assistido com crescente interesse, é
precisamente porque, misturados
ao relato do surgimento e da confirmação de seu amor, emergem
na narração de Lucy e de Luiz
Carlos episódios da vida política e
do curso do cinema no país.
Aprende-se que, recém-casado,
em 1954, o casal retornou de Veneza empurrado pelo "trauma
horroroso" da notícia de suicídio
do presidente brasileiro e com a
dúvida sobre "o que vai ser deste
país sem Vargas". Dez anos mais
tarde, é o comício na Central do
Brasil que deixa Lucy "temerosa
do que poderia acontecer".
A sensação de reviravolta iminente é reforçada pela sessão de
estréia de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", que Glauber Rocha
(1939-1981) fez coincidir com o
burburinho político. Antes desse
ponto, o espectador terá saboreado a lembrança de Luiz Carlos sobre a primeira vez que ouviu falar
de "um menino baiano que estava
fazendo um filme na praia de Buraquinho, muito para lá de Itapuã". Era "Barravento" (1961).
E tem-se o relato de como o casal acolheu em sua casa no Rio de
Janeiro não apenas Glauber, mas
toda uma geração de cineastas, jovens o bastante para "tomar os
Danones dos meninos".
Os meninos são os hoje cineastas Bruno e Fabio e a produtora
Paula Barreto. O patriarca da família não se vexa de citar interpretação psicanalítica da escolha profissional dos filhos como tentativa
de atrair a atenção paterna. Eis-nos de volta ao cinema e seus laços de família.
(SA)
COMPANHIA ILIMITADA - LUCY E LUIZ
CARLOS BARRETO. Quando: amanhã, às
19h, no GNT.
O Paizão
Globo, 15h50.
(Big Daddy). EUA, 1999, 95 min. Direção:
Dennis Dugan. Com Adam Sandler, Joey
Lauren Adams. Para provar à ex-namorada que agora é um homem
maduro e que pode, inclusive, cuidar de
uma criança, Sandler adota um menino
de cinco anos. A manobra não funciona
-tudo bem, o filme também não-,
mas agora ele precisa descascar o
pepino.
Armadilha Internacional
Globo, 22h.
(Quicksand). Inglaterra/França, 2001, 94
min. Direção: John MacKenzie. Com
Michael Keaton, Michael Caine.
Banqueiro norte-americano (Keaton)
que vai à Inglaterra investigar transações
duvidosas, envolvendo cinema e
lavagem de dinheiro (é duvidoso ou é a
norma?) acaba envolvido em trama
complicada para afastá-lo da produção
(se possível, levado em um caixão).
Bagaceira. Inédito.
Pacífico Sul
SBT, 1h50.
(South Pacific). EUA, 2001. Direção:
Richard Pearce. Com Glenn Close, Harry
Connick Jr. Musical ambientado na
Polinésia, durante a Segunda Guerra
Mundial, onde uma enfermeira descobre
o amor ao conhecer um fazendeiro
francês. Feito para TV a cabo. Só para fãs
do gênero.
Intercine
Globo, 1h55.
O filme escolhido da semana é "O
Homem do Sapato Vermelho" (1985, de
Stan Dragoti, com Tom Hanks, Dabney
Coleman, Edward Herrmann, James
Belushi).
David e Lisa
Globo, 3h40.
(David and Lisa). EUA, 1998. Direção:
Lloyd Kramer. Com Lukas Haas, Brittany
Murphy. Dois adolescentes internados
em clínica psiquiátrica apaixonam-se, ao
mesmo tempo em que recebem ajuda de
um médico, para que superem seus
problemas. Refilmagem para TV do filme
de Frank Perry, de 1962. Não se espere
aqui a mesma sensibilidade e acuidade
de Perry, mas, ainda assim, o filme é visto
com simpatia nos Estados Unidos.
(IA)
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