São Paulo, segunda-feira, 09 de agosto de 2004

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FILMES

Retrato de Satã jovem

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Madame Satã não é um personagem que possa se queixar da própria sorte (da cinematográfica, em todo caso). Sua maturidade foi representada com vigor nos anos 70 em "Rainha Diaba", de Antônio Carlos Fontoura. Sua juventude reapareceu em "Madame Satã" (Cinemax, 20h), de Karin Ainouz, também um bom filme.
Em "Rainha Diaba", Milton Gonçalves interpretou-o com fúria. Em "Madame Satã", Lázaro Ramos o faz com fria racionalidade. Como quase todos os filmes brasileiros atuais, este também se deixa seduzir pela beleza (ninguém mais acredita em Borges, quando escreve que "neste mundo a beleza é uma coisa vulgar"?)
Mas há uma força que vem do personagem, do ator, da Lapa, que de certa forma supera esse problema de auto-afirmação.

TV PAGA

Os Barreto e seu casamento com o cinema

DA REPORTAGEM LOCAL

É a história da vida privada de Lucy e Luiz Carlos Barreto que se confunde com a história do cinema brasileiro ou vice-versa? Nas últimas décadas, a fama de coronelato do casal de produtores no cinema nacional chegou a ser grande o bastante para tal dúvida.
"Companhia Ilimitada" (amanhã, GNT) volta a entrelaçar os Barreto e a produção de cinema nacional em depoimentos do casal (tomados separadamente) sobre seus 50 anos de casamento.
Mas, se o programa pode ser assistido com crescente interesse, é precisamente porque, misturados ao relato do surgimento e da confirmação de seu amor, emergem na narração de Lucy e de Luiz Carlos episódios da vida política e do curso do cinema no país.
Aprende-se que, recém-casado, em 1954, o casal retornou de Veneza empurrado pelo "trauma horroroso" da notícia de suicídio do presidente brasileiro e com a dúvida sobre "o que vai ser deste país sem Vargas". Dez anos mais tarde, é o comício na Central do Brasil que deixa Lucy "temerosa do que poderia acontecer".
A sensação de reviravolta iminente é reforçada pela sessão de estréia de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", que Glauber Rocha (1939-1981) fez coincidir com o burburinho político. Antes desse ponto, o espectador terá saboreado a lembrança de Luiz Carlos sobre a primeira vez que ouviu falar de "um menino baiano que estava fazendo um filme na praia de Buraquinho, muito para lá de Itapuã". Era "Barravento" (1961).
E tem-se o relato de como o casal acolheu em sua casa no Rio de Janeiro não apenas Glauber, mas toda uma geração de cineastas, jovens o bastante para "tomar os Danones dos meninos".
Os meninos são os hoje cineastas Bruno e Fabio e a produtora Paula Barreto. O patriarca da família não se vexa de citar interpretação psicanalítica da escolha profissional dos filhos como tentativa de atrair a atenção paterna. Eis-nos de volta ao cinema e seus laços de família. (SA)


COMPANHIA ILIMITADA - LUCY E LUIZ CARLOS BARRETO. Quando: amanhã, às 19h, no GNT.

O Paizão
Globo, 15h50.

(Big Daddy). EUA, 1999, 95 min. Direção: Dennis Dugan. Com Adam Sandler, Joey Lauren Adams. Para provar à ex-namorada que agora é um homem maduro e que pode, inclusive, cuidar de uma criança, Sandler adota um menino de cinco anos. A manobra não funciona -tudo bem, o filme também não-, mas agora ele precisa descascar o pepino.

Armadilha Internacional
Globo, 22h.

(Quicksand). Inglaterra/França, 2001, 94 min. Direção: John MacKenzie. Com Michael Keaton, Michael Caine. Banqueiro norte-americano (Keaton) que vai à Inglaterra investigar transações duvidosas, envolvendo cinema e lavagem de dinheiro (é duvidoso ou é a norma?) acaba envolvido em trama complicada para afastá-lo da produção (se possível, levado em um caixão). Bagaceira. Inédito.

Pacífico Sul
SBT, 1h50.

(South Pacific). EUA, 2001. Direção: Richard Pearce. Com Glenn Close, Harry Connick Jr. Musical ambientado na Polinésia, durante a Segunda Guerra Mundial, onde uma enfermeira descobre o amor ao conhecer um fazendeiro francês. Feito para TV a cabo. Só para fãs do gênero.

Intercine
Globo, 1h55.

O filme escolhido da semana é "O Homem do Sapato Vermelho" (1985, de Stan Dragoti, com Tom Hanks, Dabney Coleman, Edward Herrmann, James Belushi).

David e Lisa
Globo, 3h40.

(David and Lisa). EUA, 1998. Direção: Lloyd Kramer. Com Lukas Haas, Brittany Murphy. Dois adolescentes internados em clínica psiquiátrica apaixonam-se, ao mesmo tempo em que recebem ajuda de um médico, para que superem seus problemas. Refilmagem para TV do filme de Frank Perry, de 1962. Não se espere aqui a mesma sensibilidade e acuidade de Perry, mas, ainda assim, o filme é visto com simpatia nos Estados Unidos. (IA)


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