São Paulo, sexta-feira, 09 de setembro de 2005

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GENTE HUMILDE

Francisco também tem medo de tirar foto

Pai vira "astro", mas não sabe dar autógrafo

DA REPORTAGEM LOCAL

É elogiada a interpretação de Ângelo Antônio no papel de pai de Zezé Di Camargo e Luciano em "2 Filhos de Francisco". O patriarca da vida real, no entanto, é personagem mais cativante do que o do filme.
Aos 68 anos, o ex-lavrador e ex-pedreiro Francisco Camargo está adorando a vida de celebridade. "Eu gosto, eu gosto."
Ele e a mulher, Helena, 61, moram em Goiânia, mas, desde a estréia do filme sobre a família, vivem no avião ("E lá dentro o ponteiro agarra que não roda.") Já foram ao Faustão, Gugu, e os pedidos de entrevistas não param. Seu Francisco, por ele, atenderia a todos.
"Mas eles tem que dizer o que nóis pode fazer. O Gilberto Barros [Bandeirantes] vem em cima de mim pelejando pra eu dar entrevista, já até pagou passagem, mas ainda não pode por causa da Grobo [a Globo Filmes é sócia do filme]", explica Francisco, em suas palavras.
Se os Camargo já eram famosos em Goiânia em razão do sucesso da dupla e do seqüestro do filho Wellington, em 1998/ 99, agora eles são celebridade.
"O conhecimento aumentou. Aumentou a percussão e a revolução do povo."
Dá autógrafos? "Não sei dar autógro. Como eu faço? Não tem jeito de fazer isso não. Não mexo com isso, não dou conta. Agora o Emanuel [seu filho] vai ensinar eu dar autógro."
Dona Helena, que acompanha a filha Marlene, cantora evangélica, em cultos lotados, está mais acostumada e explica ao marido: "É muito fácil. Você coloca o nome da pessoa e coloca assim, por exemplo: "Com muito carinho, um abraço de Francisco Camargo."
Além dos autógrafos, conta o pai da dupla, "o povo sempre pedi pra tirar um foto".
Com o "boom" das câmeras digitais, os fãs "paparazzi" estão em toda a parte. Mas seu Francisco não se deixa fotografar sozinho, só ao lado de quem pediu a foto, "e bem coladinho que é pra não dar pra cortar". Teme que, se sair sozinho na foto, ela possa parar nas mãos de "gente errada", que o tenha como alvo de um seqüestro.
Esse pânico, diz, é o único lado ruim da fama. "O público quer tirar um pouco da gente, como foi o seqüestro do Wellington. É ruim porque a gente anda com segurança pra um lado, segurança pra outro. Se a Helena sai e eu não, tenho que ficar preso no apartamento".
Ele acredita que os seqüestradores que mantiveram Wellington, paraplégico, por 94 dias no cativeiro e arrancaram uma das orelhas para mandar aos pais, poderiam ter desistido do crime se tivessem assistido a "2 Filhos de Francisco".
Vai mandar o DVD para a cadeia onde estão presos os vilões desta história. (LM)


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