|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA
Trajetória de lutador soa como conto de fadas
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Baseado na história do
ex-campeão James Braddock, ""A Luta pela Esperança"
soa como um conto de fadas
americano. Mas há uma justificativa para esse tom: a trajetória de Braddock justifica seu
apelido de ""Cinderella Man".
Embora tenha como cenário
o ringue, o filme trata, no fundo, de família, honra, perseverança e sobrevivência. A história de Braddock, sua mulher e
filhos se passa nos anos 30, durante a Grande Depressão.
É quando Braddock vê sua
carreira desmoronar ao ser batido pelo campeão mundial
dos meios-pesados e ter a sua
licença cassada. Impedido de
boxear, e após perder todos os
bens, sua rotina se torna um espelho do cotidiano dos milhões
de americanos que tinham como maior ambição a sobrevivência. Por meio de bicos, auxílio do governo e de amigos, o
orgulhoso ex-pugilista luta para alimentar a família.
É aí que sua vida sofre uma
virada. Ao ser chamado de última hora para servir de ""escada" para um pesado promissor, o massacra, o que culmina
em uma disputa de título contra o favoritíssimo Max Baer.
Braddock entrou para a história como o autor da maior zebra de todos os tempos -feito
que foi superado apenas nos
anos 90, quando o azarão ""Buster" Douglas pôs Mike Tyson
na lona. Era dono de um dos
piores cartéis de um futuro
campeão (44 vitórias, 23 derrotas e 4 empates) ao pegar Baer.
Como em todo conto de fadas é necessário um vilão, os
roteiristas erraram ao retratar
Baer e cometeram injustiça histórica. É na passagem em que o
campeão afirma que consolará
a mulher de Braddock depois
de matá-lo -alusão ao fato de
um rival de Baer ter morrido
após o castigo que recebeu no
ringue. Baer ficou conhecido
como playboy, mais interessado em festas. No entanto, seria
incapaz de tais atos de crueldade. Tal liberdade não é novidade em filmes do gênero. ""Hurricane, o Furacão", por exemplo, dá a entender que Rubin
Carter só não foi campeão porque foi roubado.
A recriação de época é perfeita: os pequenos ginásios, o Madison Square Garden (o templo
do boxe), os programas (publicações promocionais vendidas
nos combates) etc.
Mas quem for ao cinema esperando outro ""Menina de Ouro" sairá decepcionado. ""A Luta" é edificante, mais leve e não
tão denso dramaticamente,
apesar das cenas de miséria.
Como bônus, quem assistir ao
filme verá o veterano treinador
Angelo Dundee, 82, que dirigiu
Muhammad Ali, Carmen Basilio, Maguila, entre outros. Sua
presença serve como uma
""ponte" entre o presente e a era
representada no filme.
A Luta pela Esperança
Cinderella Man
Direção: Ron Howard
Produção: EUA, 2005
Com: Russell Crowe, Renée Zellweger
Quando: a partir de hoje nos cines
Bristol, Lar Center e circuito
Texto Anterior: Cinema/A luta pela esperança: Howard abraça o realismo em novo filme Próximo Texto: "Fome de viver": Efemeridade da paixão movimenta cult dos anos 80 Índice
|