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MEMÓRIA
Sem os Pythons, eu seria ascensorista
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
Tarefa ingrata essa que me deram de tentar explicar em um textículo (texto curto -nenhuma
conexão com a anatomia masculina) o que é Monty Python.
Se não fosse esse grupo com nome sem um significado especial
("monty" pode ser diminutivo de
Montgomery, como pode não ser,
e "python" pode ou não ser píton,
a cobra que nós chamamos sucuri, e eles, anaconda), eu provavelmente estaria ganhando a vida
como ascensorista.
Entre Chaplin e Lucy Ball, referências cardeais, existiram os Irmãos Marx. E, na Inglaterra, antes
vieram os Goons (Spike Milligan,
Peter Sellers e Dudley Moore) e
depois veio o Monty Python.
Woody Allen e Mel Brooks são
cria dos Marx. E a turma de Steve
Martin, Rowan Atkinson (o Mr.
Bean), Billy Crystal e Dan Aykroyd é composta por talentos
que não teriam sido nem mesmo
ascensoristas sem a existência do
grupo Monty Python.
Veja: antes dos Pythons ninguém apresentaria um esquete,
em horário nobre na sisuda estatal BBC dos anos 70, que colocasse gregos antigos, como Sócrates
(o filósofo, e não o beberrão irmão do Raí) como capitão de um
time, em contenda futebolística
contra ilustres pares alemães, liderados por Kant (e narrada por
um Galvão Bueno "cockney").
Note que os Pythons realizaram
maluquices desse calibre muito
antes de o pessoal do Casseta e
Planeta aterrissar no berçário.
Para o robotizado público das
"escolinhas" os temas intrincados
dos Pythons não tocam. Mas a
cretinice pertinente instaurada
pelo grupo inglês acabou virando
"cult" até nos acéfalos EUA.
Bart Simpson e Austin Powers
provavelmente não existiriam se
John Cleese, Eric Idle, Terry Jones, Graham Chapman e Terry
Gilliam não tivessem libertado
aquele refém da rainha Victória
que existe em todo súdito britânico. Deus salve Polly Parrot!
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