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Obra de 56 era repleta de preconceitos
de Londres
"Você é parte de um plano para
tornar Sião uma nação científica",
brada Yul Brynner, no papel do
rei, para a recém-contratada Anna Leonowens (Deborah Kerr),
no início do musical "O Rei e Eu",
na versão de 1956.
O diretor da nova versão, Andy
Tennant, disse que vai evitar ao
máximo os diálogos que possam
colocar a cultura oriental numa
postura inferior à ocidental.
A versão de 1956, ainda que tenha desejado apenas explorar o
lado exótico do reino de Sião durante o século 19, peca por tratar
como barbárie alguns aspectos do
encontro do homem oriental com
a mulher ocidental.
Logo no começo do filme,
quando o capitão inglês do barco
que leva Anna ao reino de Sião se
despede dela e de seu filho, não
pode deixar de alertar: "Uma mulher sozinha no reino de Sião,
pense bem, você pode voltar a
Londres neste mesmo barco agora". Anna recusa-se a ouvir seu
conselho e entrega-se à aventura.
Há uma passagem em que o rei
Mongkut pede à Anna que organize um jantar para receber diplomatas europeus no palácio. Sua
primeira preocupação é perguntar a ele se guardanapos serão
permitidos, assim como garfos e
facas. O rei responde com careta.
Na versão que estreará em novembro, estão sendo utilizadas
imagens externas, ao contrário do
musical de 1956, em que os atores
contracenam em cenários cuidadosamente construídos como numa montagem operística.
Na nova versão, cerca de 15 quilômetros de seda tailandesa estão
sendo utilizados para o figurino
dos membros da corte e do rei. No
musical de Brynner e Kerr, as roupas assumem um papel importante na demonstração de confronto cultural. O rei pede à Anna
que eduque suas mulheres como
verdadeiras damas européias, fazendo com que usem armações e
"roupas de baixo".
Mas um dos diálogos mais marcantes do filme é o que traz Anna
ensinando o rei o significado da
palavra "etecetera". Brynner força o sotaque e repete, em várias
ocasiões durante o filme: "Etecetela, etecetela", deixando sua
marca pessoal no personagem.
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