São Paulo, Quinta-feira, 09 de Setembro de 1999
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Obra de 56 era repleta de preconceitos

de Londres

"Você é parte de um plano para tornar Sião uma nação científica", brada Yul Brynner, no papel do rei, para a recém-contratada Anna Leonowens (Deborah Kerr), no início do musical "O Rei e Eu", na versão de 1956.
O diretor da nova versão, Andy Tennant, disse que vai evitar ao máximo os diálogos que possam colocar a cultura oriental numa postura inferior à ocidental.
A versão de 1956, ainda que tenha desejado apenas explorar o lado exótico do reino de Sião durante o século 19, peca por tratar como barbárie alguns aspectos do encontro do homem oriental com a mulher ocidental.
Logo no começo do filme, quando o capitão inglês do barco que leva Anna ao reino de Sião se despede dela e de seu filho, não pode deixar de alertar: "Uma mulher sozinha no reino de Sião, pense bem, você pode voltar a Londres neste mesmo barco agora". Anna recusa-se a ouvir seu conselho e entrega-se à aventura.
Há uma passagem em que o rei Mongkut pede à Anna que organize um jantar para receber diplomatas europeus no palácio. Sua primeira preocupação é perguntar a ele se guardanapos serão permitidos, assim como garfos e facas. O rei responde com careta.
Na versão que estreará em novembro, estão sendo utilizadas imagens externas, ao contrário do musical de 1956, em que os atores contracenam em cenários cuidadosamente construídos como numa montagem operística.
Na nova versão, cerca de 15 quilômetros de seda tailandesa estão sendo utilizados para o figurino dos membros da corte e do rei. No musical de Brynner e Kerr, as roupas assumem um papel importante na demonstração de confronto cultural. O rei pede à Anna que eduque suas mulheres como verdadeiras damas européias, fazendo com que usem armações e "roupas de baixo".
Mas um dos diálogos mais marcantes do filme é o que traz Anna ensinando o rei o significado da palavra "etecetera". Brynner força o sotaque e repete, em várias ocasiões durante o filme: "Etecetela, etecetela", deixando sua marca pessoal no personagem.


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