São Paulo, terça-feira, 09 de outubro de 2001

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NET CETERA

Fatos e boatos sobre o atentado - parte 3

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Volto ao assunto que continua lotando minha caixa de entrada de e-mails: os boatos, os rumores e as (poucas) verdades que circulam pela internet cujo tema é o atentado terrorista ao World Trade Center no dia 11 de setembro.

1. Se você escrever em Wingding a expressão "Q33NY", que é o número da quadra em que ficava o World Trade Center (ou o prefixo de um dos aviões que atingiu as torres ou ainda o número do vôo, dependendo da explicação), o resultado é assustador.
MENTIRA. Quer dizer, é verdade que "Q33NY" em Wingding dá um avião, duas folhas que se parecem com o WTC, uma cruz com caveira e a estrela de Davi. A mentira é que a quadra do prédio seria número 33 -Nova York não tem quadras numeradas. Mesmo que fosse, não existiria o Q de "quadra", já que a palavra em inglês é "block". Ainda, nenhum dos dois aviões tinha tal prefixo, nem o número dos vôos corresponde à sequência.

2. A cadeia de rádio Clear Channel Communications distribuiu a suas emissoras uma lista de músicas que estariam proibidas, pois seu conteúdo poderia ser considerado ofensivo atualmente.
MENTIRA. Realmente, a cadeia, a maior dos EUA, distribuiu a lista de músicas, entre as quais estão títulos tão inofensivos quanto "Imagine", de John Lennon, e "Burning Down the House" (Talking Heads). Mas tratava-se de uma sugestão, que pouca gente levou a sério.

3. Um homem que estava preso no 71º andar de uma das torres (ou no 82º, ou no 100º, dependendo dos relatos) conseguiu chegar ao solo a salvo, "surfando" nos pedaços do prédio quando este desabou.
MENTIRA. Preciso explicar?

Falei neste fim de semana com o sujeito que diz ser a pessoa que aparece na fotomontagem publicada na coluna passada (veja foto acima), em que um turista aparece no topo do World Trade Center bem no momento em que um dos dois aviões se dirige de encontro à torre.
A imagem obviamente falsa correu o mundo, apareceu em várias publicações, algumas das quais a levaram a sério, e foi a foto principal de uma reportagem da revista "Time" com o mesmo tema desta coluna.
Segundo o suposto retratado, que seria brasileiro, "alguns amigos pregaram essa brincadeira, que, acredito, passou dos limites". Continua: "Pessoas com que não me encontro há alguns meses me telefonaram para verificar se eu estava vivo. Absurdo".
Ele pede ajuda de "Net Cetera" para encontrar o autor do trote. Está lançada a busca.

E-mail: sergiodavila@uol.com.br
Internet: www.uol.com.br/sergiodavila

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