São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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FESTIVAL DO RIO BR 2002

Roman Polanski faz em "O Pianista" seu filme mais pessoal, em que se inspira em passagens de sua infância e retrata a Polônia durante o Holocausto

Retratos de família

IVAN FINOTTI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

"A última vez em que estive foi muito divertido. Foi para o lançamento de "Busca Frenética" (1988). Desta vez é menos divertido. Porque esse filme é diferente para mim. É menos entretenimento e mais experiência." Assim o diretor franco-polonês Roman Polanski iniciou a entrevista coletiva ontem no Festival de Cinema do Rio BR 2002.
Em visita ao país para divulgar seu filme "O Pianista", vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes neste ano, o cineasta se emocionou, soltando longos suspiros, ao relembrar histórias de sua infância no gueto de Cracóvia. "Eu me lembro muito bem da infância, mas não quis fazer uma autobiografia", disse.
Por esse motivo, apesar de baseado em uma biografia alheia, "O Pianista" pode ser considerado o filme mais pessoal de Roman Polanski. Judeu, viveu no gueto e teve mãe e irmã assassinadas em campos de concentração.
"Mas há momentos específicos no filme tirados de minha vida. Como o pai que recebe um tapa no meio da rua, a visão da construção do muro do gueto pela janela do apartamento da família ou a mulher que recebe um tiro porque fez uma pergunta."
Polanski contou ainda que o comportamento dos personagens foi tirado de sua memória. "Os judeus bons e maus, a polícia judia, os alemães bons e maus, todos estão no filme exatamente como me lembro", afirmou o diretor de "Chinatown", "Repulsa ao Sexo" e "O Bebê de Rosemary".
"O Pianista" conta a história de um músico polonês que vê sua cidade, Varsóvia, ser tomada pelos alemães na Segunda Guerra Mundial. Sua família é exterminada no campo de Treblinka.
O filme é baseado na biografia do pianista Wladyslaw Szpilman, que morreu em 2000, aos 80 anos, dois meses antes do início das filmagens. Szpilman é interpretado pelo americano Adrien Brody.
A história de "O Pianista" pode ser dividida em duas partes. Na primeira, Polanski retrata o cotidiano dos judeus no gueto de Varsóvia. É a metade mais violenta do filme, com espancamentos e mortes mostradas de forma explícita. A segunda parte segue Szpilman tentando sobreviver escondido nos prédios abandonados da cidade, até a chegada dos soviéticos, no fim da guerra.

O PIANISTA - Le Pianiste. Direção: Roman Polanski. França/Alemanha/ Holanda/Polônia/Inglaterra, 2002. Quando: hoje, às 14h e às 21h30, no Estação Paissandu; amanhã, às 14h e às 18h30, no São Luiz 3.

Veja programação completa em www.uol.com.br/folha/especial/2002/festivaldoriobr/


O jornalista Ivan Finotti viaja a convite do Festival do Rio BR

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