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FESTIVAL DO RIO BR 2002
Roman Polanski faz em "O Pianista" seu filme mais pessoal, em que se inspira em passagens de sua infância e retrata a Polônia durante o Holocausto
Retratos de família
IVAN FINOTTI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
"A última vez em que estive foi
muito divertido. Foi para o lançamento de "Busca Frenética"
(1988). Desta vez é menos divertido. Porque esse filme é diferente
para mim. É menos entretenimento e mais experiência." Assim
o diretor franco-polonês Roman
Polanski iniciou a entrevista coletiva ontem no Festival de Cinema
do Rio BR 2002.
Em visita ao país para divulgar
seu filme "O Pianista", vencedor
da Palma de Ouro do Festival de
Cannes neste ano, o cineasta se
emocionou, soltando longos suspiros, ao relembrar histórias de
sua infância no gueto de Cracóvia.
"Eu me lembro muito bem da infância, mas não quis fazer uma
autobiografia", disse.
Por esse motivo, apesar de baseado em uma biografia alheia,
"O Pianista" pode ser considerado o filme mais pessoal de Roman
Polanski. Judeu, viveu no gueto e
teve mãe e irmã assassinadas em
campos de concentração.
"Mas há momentos específicos
no filme tirados de minha vida.
Como o pai que recebe um tapa
no meio da rua, a visão da construção do muro do gueto pela janela do apartamento da família
ou a mulher que recebe um tiro
porque fez uma pergunta."
Polanski contou ainda que o
comportamento dos personagens
foi tirado de sua memória. "Os judeus bons e maus, a polícia judia,
os alemães bons e maus, todos estão no filme exatamente como me
lembro", afirmou o diretor de
"Chinatown", "Repulsa ao Sexo"
e "O Bebê de Rosemary".
"O Pianista" conta a história de
um músico polonês que vê sua cidade, Varsóvia, ser tomada pelos
alemães na Segunda Guerra Mundial. Sua família é exterminada no
campo de Treblinka.
O filme é baseado na biografia
do pianista Wladyslaw Szpilman,
que morreu em 2000, aos 80 anos,
dois meses antes do início das filmagens. Szpilman é interpretado
pelo americano Adrien Brody.
A história de "O Pianista" pode
ser dividida em duas partes. Na
primeira, Polanski retrata o cotidiano dos judeus no gueto de
Varsóvia. É a metade mais violenta do filme, com espancamentos e
mortes mostradas de forma explícita. A segunda parte segue Szpilman tentando sobreviver escondido nos prédios abandonados da
cidade, até a chegada dos soviéticos, no fim da guerra.
O PIANISTA - Le Pianiste. Direção:
Roman Polanski. França/Alemanha/
Holanda/Polônia/Inglaterra, 2002.
Quando: hoje, às 14h e às 21h30, no
Estação Paissandu; amanhã, às 14h e às
18h30, no São Luiz 3.
Veja programação completa em www.uol.com.br/folha/especial/2002/festivaldoriobr/
O jornalista Ivan Finotti viaja a convite
do Festival do Rio BR
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