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CRÍTICA
Cineasta aborda 2ª Guerra com distanciamento
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Quando Roman Polanski recebeu a Palma
de Ouro no Festival de Cannes, em maio último, criticou-se muito a premiação,
definida pela imprensa como conservadora. Mas há
uma grande injustiça nessa
leitura apressada, que ignora
a história do cineasta e reduz
"O Pianista" a um mero drama hollywoodiano sobre o
Holocausto.
Polanski se defronta no filme com duas questões fundamentais. A primeira é como filmar um tema tão dramático. A segunda é como
filmar uma história tão pessoal. A leitura apressada
confunde conservadorismo
com rigor. Queriam o quê?
Que Polanski filmasse o Holocausto de trás para frente,
para usar um truque em voga? Não há hollywoodianismo em "O Pianista", mas
tampouco há truques baratos do cinema que se diz independente.
Polanski sempre declarou
ter a vontade de falar sobre
sua experiência na Segunda
Guerra, mas precisava encontrar uma história que lhe
assegurasse distanciamento.
Encontrou-a na autobiografia de Wladyslaw Szpilman,
pianista que, como ele, sobreviveu à guerra.
"O Pianista" começa narrando o que poucos filmes
narraram: a gênese do gueto,
o momento em que soldados invadem a casa de uma
família judia e dizem: "Vocês não podem mais viver
aqui, serão removidos". A
violência escala a níveis intoleráveis, mas Roman Polanski é capaz de observar os
acontecimentos com objetividade espantosa.
O filme começa assim,
com seus momentos de
maior dramaticidade. Em
seguida, mergulha num anticlímax ao assumir um ponto de vista estranho, sobretudo para um filme sobre o
Holocausto: o de um homem que escapou dos campos de concentração e viu a
guerra pelas frestas das janelas de seus esconderijos.
Avaliação:
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