MÔNICA RODRIGUES DA COSTA
EDITORA DA FOLHINHA

O espetáculo "Miranda", conto de fadas com texto e direção de Vladimir Capella, 51, previsto para estrear em 12 de outubro no novo teatro Santa Cruz, não vai mais acontecer devido a uma cena de nu no final da peça. O espetáculo havia sido convidado para fazer parte das comemorações dos 50 anos do colégio Santa Cruz, na zona oeste de São Paulo.
Segundo Capella, a peça teria sido "censurada". O diretor-geral do colégio Santa Cruz, Luiz Eduardo Cerqueira Magalhães, 57, afirmou que a instituição cancelou a temporada de "Miranda" porque surgiram impasses de adequação. "A equipe de educadores assistiu ao ensaio de "Miranda" no último domingo e considerou o espetáculo inadequado para a faixa etária a que seria destinada no colégio, de cinco a dez anos."
A diretoria da escola foi contra a proposta de uma versão para seus alunos e outra para o público em geral, por considerar tal "solução" incompatível com o projeto ético e educacional do colégio.
O enredo de "Miranda" conta sobre uma princesa abandonada pela tia malvada logo que nasce e que é criada por uma bruxa na floresta. O rei adoece de infelicidade. Sem conhecer sua origem, Miranda, já adolescente, veste-se de homem e decide curar o rei.
Depois de todas as tentativas para alegrar o pai, Miranda despe-se diante dele, para mostrar que até se fingir de soldado ela fez para curá-lo.
Para Vladimir Capella, a cena transmite a idéia de valorização do corpo e tem pertinência para a história. "A diretoria [do colégio] fez a proposta de botar uma anágua na princesa, mas não chegaram a conversar comigo."
Cerqueira Magalhães disse que "Miranda" será substituída por outro espetáculo depois do recesso escolar. "Não tenho nada contra nu em teatro, e as peças que virão a ser apresentadas no teatro Santa Cruz não estarão vinculadas a nenhum tipo de censura."


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