São Paulo, quarta-feira, 09 de novembro de 2005

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POP

Cantora chama produtor da cena eletrônica inglesa para criar "Confessions on a Dance Floor", seu 12º álbum de estúdio

Madonna surpreende e volta às pistas em novo CD

France Presse
Madonna realiza apresentação na TV alemã, no último sábado; o próximo disco da cantora chega às lojas na semana que vem


DA REPORTAGEM LOCAL

Num bom português, ninguém dava muita coisa para Madonna, ninguém ainda esperava que ela despertasse furor semelhante àquele de "Like a Prayer", ou que fizesse coisa tão relevante e incisiva quanto "Into the Groove". Mas, sim, ela está de volta.
A partir da próxima semana, chega às lojas "Confessions on a Dance Floor", o 12º álbum de estúdio da cantora -mas, antes, suas canções pararam na internet, para desespero da Warner.
Como sugere o título e a capa do disco (uma Madonna ruiva num passo de dança sob um globo estilizado), é um álbum dance, para as pistas, "para quem quer diversão", como anunciou a loira em algumas entrevistas.
Madonna sempre trabalhou com produtores de renome, como Mirwais (final dos 90/começo dos 2000), Nelle Hooper (começo dos 90) e William Orbit (meio dos 90), e para esta nova missão convocou o inglês Stuart Price, um dos mais produtivos nomes do cenário eletrônico europeu.
Price é membro dos projetos Zoot Woman e Les Rythim Digitales e autor de poderosos remixes e produções próprias, sob os pseudônimos Jacques Lu Cont, Paper Faces, Thin White Duke...
A união funcionou. Se Madonna queria um álbum para as pistas, Price trouxe elementos de electro, disco dos anos 70, Giorgio Moroder, coisas que ficariam diluídas com a cantora nas mãos de outro produtor menos cuidadoso. Já o senso pop de Madonna deu às canções caráter universal, digestivo -e de bom gosto.
Não coincidentemente, Price produziu "X-Static Process", melhor faixa do CD anterior da cantora, o chato e confuso "American Life". A parceria prosseguiu.
"Confessions on a Dance Floor" não parece um disco feito por uma mulher de 47 anos, mãe de dois filhos, casada com um cineasta medíocre e que vive num castelo no interior da Inglaterra e passa o tempo escrevendo livros infantis. "Confessions on a Dance Floor" parece um disco feito por uma jovem cantora saída da puberdade, hedonista, casada com Sean Penn, freqüentadora dos clubes nova-iorquinos e alvo da Igreja ao cantar "Like a Virgin" com um vestido de noiva.
"Hung Up", que abre o álbum e toca nas rádios, tem sample de "Gimme Gimme Gimme", música de 1979 do Abba -é apenas a segunda vez que os suecos Bjorn Ulvaeus e Benny Andersson liberam um sample da banda; a primeira foi em 1996, quando deixaram o Fugees usar parte de "The Name of the Game" em "Rumble in the Jungle". "Hung Up" é animada e tão disco que parece despejar glitter sobre os ouvidos.
Já "Get Together" traz um som gordo, emoldurado por sintetizadores gelados e melódicos, a la Daft Punk. Em "Sorry", que deve ser o próximo single, os beats também dão o tom. "Eu não quero ouvir/ Eu não quero saber/ Por favor, não diga que você sente muito", canta Madonna.
"Future Lovers" é faixa trabalhada por Mirwais, e é uma ode disco. "I Love New York" é das mais animadas do álbum, homenagem à cidade que projetou a loira. "Let It Will Be", retrô, sem sal, é a mais esquecível do disco; "Forbidden Love" tem um vocoder que dá uma boa e revitalizada sensação de anos 80; e "Jump" faz claras referências a Pet Shop Boys. Com um refrão pegajoso, parece feita para levantar estádios.
"Isaac" é a faixa dissonante. Madonna traz um texto hebraico a uma balada electro. Mais um capricho do que canção. "Push", surpresa, é um r&b eletrificado, como uma Beyoncé pós-ecstasy
"Like It Or Not", lembra Daft Punk em seus flertes com a house. É Madonna no final da noite, saindo da pista e pensando na volta para casa. Mas com muita classe. (THIAGO NEY)

Confessions on a Dance Floor
    
Artista: Madonna
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 35, em média (nas lojas a partir do próximo dia 14)


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